Robótica leva professora à final de prêmio internacional
Com um projeto de ensino de robótica com sucata para estudantes de escola pública, Débora Garofalo foi selecionada entre mais de 10 mil candidatos de várias nacionalidades e está entre os dez melhores professores do mundo.
A professora de língua portuguesa, que ensina tecnologia na periferia da capital paulista, é finalista no Global Teacher Prize 2019, prêmio internacional que reconhece métodos inovadores e criativos para lecionar e oferece prêmio de US$ 1 milhão.
Débora é a primeira mulher brasileira a chegar à final do Global Teacher Prize 2019, que anunciará o vencedor no dia 24 de março em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Desde o início do projeto, em 2015, mais de uma tonelada de materiais recicláveis foram retirados das ruas da cidade e transformados em protótipos – produtos de um trabalho da fase de teste – na Escola Municipal Ensino Fundamental Almirante Ary Parreira, na Vila Babilônia, zona sul.
“O projeto de robótica com sucata nasceu da vontade de transformar a vida das crianças da periferia aqui da cidade de São Paulo. Eu sempre acreditei, como professora, que a educação só faz sentido se ela puder ser significativa e se ela puder ter esse caráter transformador”, disse Débora.
Até hoje já passaram pelas aulas de robótica cerca de 2 mil estudantes.
A realidade local também foi decisiva para o projeto, já que a comunidade sofria com enchentes e lixo nas ruas.
O sucesso do projeto trouxe grandes lições, de acordo com a professora. Uma delas é pensar em uma escola que não só produza mais conhecimento, mas que comece a contribuir com soluções locais.
Mão na massa
Jovens de 6 a 14 anos aprendem sobre montagem de motor, circuitos e programação para, então, terem autonomia e pensarem no que vão construir. “Em um primeiro momento, a gente olha bem para esses materiais que a gente recolheu porque são materiais diversos e aí [os alunos] vão começar a pensar e estruturar o que eles gostariam de construir”, contou.
Já foram construídos brinquedos, um pequeno semáforo, uma máquina de refrigerante, robôs, barata e aranha robóticas, além de soluções para questões práticas da vida. “Um aluno criou uma casa sustentável. Uma réplica da casa dele, mas totalmente sustentável, com energia solar, usando o arduino [placas programáveis] para ligar e desligar [a luz] em horários para fazer economia de energia. A gente vê que nasce um pouco de tudo, inclusive soluções para o dia a dia”, disse a professora.
Débora comemorou a abertura e disposição da escola em apoiar o projeto. “Eu lembro a primeira vez que eu fiz uma aula no pátio, justamente porque a minha sala não tinha tanto espaço e a gente foi produzir alguns protótipos no pátio, utilizando as mesas. A coordenadora chegou e falou ‘eu nunca imaginei uma aula de tecnologia fora do laboratório’, então houve uma mudança cultural das pessoas”, disse.
Ela considera que a “mão na massa” – a aprendizagem criativa – essencial para os estudantes.
Com informações da Agência Brasil