Escola de Araçatuba (SP) adota projeto de mediação entre alunos
Ação é considerada exemplar pelo movimento Sou Responsável, campanha sem partidos, candidatos ou ideologia apoiada pelo Catraca Livre e pelo Instituto SEB de Educação
Com um projeto de mediação, uma escola pública de Araçatuba, no interior de São Paulo, conseguiu reduzir os índices de evasão escolar e os casos de “bullying” que aconteciam ali.
Essa história faz parte da série para o movimento Sou Responsável, cuja meta é estimular o protagonismo dos brasileiros. Em pleno ano eleitoral, o Catraca Livre e o Instituto SEB de Educação decidiram apoiar essa campanha para ajudar o brasileiro a também ser parte das soluções, e não do problema.
A Escola Estadual Professora Altina Moraes Sampaio criou o “Mediadores Mirins”, um processo que engloba valores, atitudes, comportamentos e práticas dos estudantes, unindo sensibilização e leitura crítica da realidade. Além disso, busca desenvolver nos alunos relacionamentos positivos para que atuem de forma corresponsável.
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A ideia foi da vice-diretora Glaucia Graneli, que havia sido mediadora em outra escola. Em 2015, ao ser transferida para o colégio, percebeu que alguns alunos adotavam comportamentos que desgastavam o ambiente. Então, ela começou a colocar em prática algumas ações de mediação, mas que não surtiram o efeito esperado.
“Quando comecei não fui bem aceita”, relembra Graneli. “Eu já cheguei determinando pelas normas de convivência, como uso de uniforme, horário regrado, essas coisas. Aí eles estranharam. Os alunos da época não tinham respeito, tudo era no grito, na agressão física ou verbal. Sinceramente, era um caos.”
Foi quando ela pensou em fazer com que os próprios estudantes mediassem os conflitos. Interessados em participar compareceram a uma reunião e um cronograma de formação para o grupo foi criado. Na sala de informática, durante o intervalo do almoço, a vice-diretora desenvolveu as capacitações dos mediadores mirins por meio de vídeos, palestras e exemplos práticos de técnicas. Foram abordados prática do diálogo, prática restaurativa, aconselhamento individual e coletivo, círculo restaurativo e centramento.
Protagonismo
O grupo se tornou protagonista na comunidade escolar. Os mediadores, que também são líderes de classe, relatam à vice-diretora, no momento da chamada diária, se algum aluno faltou uma ou mais vezes. Depois da terceira falta, eles solicitam que um contato seja feito com o responsável para que seja dada alguma justificativa.
Em uma ocasião, duas mediadoras mirins conversaram diretamente com a mãe de um aluno. “A mãe aceitou de imediato falar com os alunos, e não com a direção da escola. Como fazemos isso há muito tempo, os pais já sabem a importância do projeto, entendem e aceitam muito bem”, diz Graneli. Assim, a evasão escolar se reduziu.
Identificar e combater a prática de “bullying” também é um dos focos dos mediadores mirins. Em parceria com voluntários, estudantes e direção participam de conversas. Quando os professores percebem algo estranho, logo tratam de informar os mediadores. “O respeito cresce muito. Eles olham os mediadores como espelhos. E, de fato, são alunos que devem ser tidos como exemplos”, afirma a vice-diretora.
A iniciativa ajudou até mesmo na aprendizagem. De acordo com o professor Rodolfo Ribeiro Chiccoli, os alunos adquiriram mais “facilidade na concentração e foco nas atividades propostas e nos estudos”.
Com informações da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo