Escolas particulares e pais fazem permutas para manter alunos
Elas estão sendo usadas pelas famílias como alternativa para manter estudantes nas escolas particulares
O ano letivo de 2020 foi duramente impactado diante da pandemia do novo coronavírus. Sem aula presenciais, alguns pais também optaram por encerrar os contratos com as escolas particulares, algo que resultou em uma crise financeira para muitas instituições de ensino.
De acordo com a Associação das Instituições Particulares de Ensino do Estado de Goiás (Aipeg), que representa cerca de 180 instituições de ensino, a procura por matrículas na educação infantil em 2021 está em torno de 50% em comparação com o mesmo período do ano passado. No ensino fundamental, cerca de 80% dos estudantes retornaram.
“Com isso, cerca de 90 instituições de ensino de Goiás deram baixa na junta municipal por não conseguirem superar o período de pandemia”, afirma a presidente da AIPEG, Eula Wamir Macedo.
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Para administrar esse momento de dificuldades, algumas escolas decidiram abrir vagas com possibilidade de pagamento através de aplicativos de permutas.
Neste ano, a plataforma XporY.com, por exemplo, registrou aumento de 350% no número de ofertas de anuidade escolar para pagamento por meio de sua moeda digital própria (X$), criada para remunerar as trocas entre prestadores de serviços e vendedores de produtos – [ X$ 1 é equivalente a R$ 1]. Foram 45 ofertas vagas de escolas dos níveis fundamental, médio e educação infantil abertas para quem pretende garantir pagamento das mensalidades escolares por meio de permutas.
Para usufruir das ofertas em permuta, a família do estudante precisa fazer um cadastro gratuito e oferecer algum serviço ou serviço dentro da plataforma, que será pago na moeda digital, aceita pela escola. “Com o recurso recebido, investimentos em nossas ações de marketing, oferecidas por outros usuários da plataforma, algo que tem gerado bons resultados”, destaca o coordenador do Colégio Prevest, João Neto, que abriu seis vagas neste ano, depois de uma experiência ano passado com uma vaga.
Quem aproveitou a oportunidade foi a chefe de cozinha Jaqueline Reis, que resolveu aumentar suas ofertas de marmitas fitness na plataforma de permutas XporY.com para conseguir matricular a filha de 15 anos no primeiro ano do ensino médio da escola. “Minha filha sempre cursou em escola particular, mas tive alguns problemas financeiros e, no último ano, ela foi para escola pública. Neste ano vimos uma oportunidade de matriculá-la novamente em uma escola particular por meio das permutas”, destaca a profissional.
Quem também fez uso da permuta para custear a escola dos filhos foi o empresário do ramo de alimentação, Jonas Máximo, pai de duas crianças de 4 e 7 anos. “Eu matriculei meus filhos ainda em janeiro e, logo depois veio a pandemia em março, algo que impactou muito o meu setor. Como tive uma queda de 50% em meu faturamento, dificilmente conseguiria arcar com as despesas escolares se não fosse por meio das permutas”, destaca Jonas.
Para enfrentar a crise que provocou redução no número de clientes e aumento no preço dos alimentos, ele contou com apoio das permutas feitas por meio de sistema digital. Na plataforma, ele oferece voucher de consumo de seu restaurante, que são pagos em moeda digital X$.
“Foi por meio dessa renda das permutas que consegui garantir uma educação de qualidade para os meus filhos mesmo durante o período de pandemia”, diz ele, que também viu como positiva a oportunidade de fazer girar seu negócio com mais de pagamento para o consumidor. “Consegui atingir um novo público que poderia não ter acesso a nossos serviços se não fosse pela plataforma”, afirma o empresário.
O fundador da XporY.com, Rafael Barbosa, explica que, em cenário de escassez de dinheiro, o caminho é diminuir as despesas tanto no âmbito doméstico quanto empresarial e as permutas viabilizam o consumo de vários serviços essenciais sem o uso da moeda. “Além disso, há mais abertura dos consumidores em fazerem trocas, outra vantagem que essa modalidade de negócio oferece”, observa.
Vale ressaltar que a XporY.com opera no sistema de permutas multilaterais. Como existe uma moeda digital para remunerar as trocas, não existe uma relação direta na troca de serviço. Assim, no caso dos exemplos citados, as escolas não precisão trocar a anuidade da escola por serviços de gastronomia com a chefe de cozinha ou por voucher de consumo com o dono do restaurante. Ela irá vender o serviço para outros usuários da plataforma, receber em X$ e pagar pela anuidade.
“Já estávamos buscando parcerias com as escolas antes da pandemia e notamos que as empresas e famílias perceberam o valor das permutas na situação de crise que enfrentamos desde o ano passado”, avalia o fundador da XporY.com, Rafael Barbosa.