Escritora cria história de princesa negra para empoderar meninas

19/11/2016 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:04

Com uma pele no tom da mais rara pérola negra dos mares, Nuang é uma princesa linda, com cabelo crespo e alto, tão majestoso como uma coroa, e veste-se com roupas vivas e coloridas. Mas, numa noite sombria, ela é afastada de sua família. E descobre que sua ancestralidade é que pode levá-la de volta ao seu povo.

Janine Rodrigues usa a literatura para tratar temas como a diversidade e a importância da valorização de nossas raízes
Janine Rodrigues usa a literatura para tratar temas como a diversidade e a importância da valorização de nossas raízes

“A história fala da força e dos ensinamentos de uma princesa que tem como salvação sua própria história _ e não um príncipe”, diz a escritora Janine Rodrigues, 35 anos, que usa a literatura em rodas de conversa para tratar temas como a diversidade e a importância da valorização de nossas raízes.

Para empoderar meninas negras, ela já percorreu o Brasil e outros países da América Latina realizando oficinas com crianças, pais e professores em escolas públicas e  bibliotecas. Para a autora, o primeiro passo para resolver problemas como bullying, discriminação e medo é falar sobre eles. “O diálogo é vital para buscar uma solução.”

“Princesas Negras – A História de Nuang”, conta Janine, nasceu quando ela presenciou as festividades de final de ano em algumas escolas, nas quais as crianças podiam se vestir do que quisessem. Mas chamou sua atenção o fato de a maioria das meninas optar por princesas, “das mais variadas, mas havia um certo padrão”.

Essa não é a primeira obra na qual Janine cria personagens negras. “Mas nem sempre elas são enquadrados na que sofreu racismo e venceu. Claro que isso é importante mostrar, mas minhas outras histórias falam da criança negra que brinca, tem problemas, tem gostos variados e sonhos como qualquer outra.”

“Por uma questão histórica triste e ainda muito atual, o racismo e o preconceito ainda roubam muitas oportunidades, mas o que também quero mostrar é que as dificuldades de uma menina de 11 anos negra são as mesmas de uma menina branca. E que devemos enxergar essa menina como uma menina.”

Com seu projeto, o Piraporiando, Janine realiza duas atividades especiais comemorativas ao Dia da Consciência Negra. Hoje (sábado), faz uma intervenção literária com charadas a serem respondidas pelas crianças no Festival Local de Economia Criativa do Rio. Na terça, estará na Biblioteca Popular de Campo Grande (RJ) com a palestra “A arte brincante de contar histórias”.

Por QSocial