Estudante brasiliense faz vaquinha online para curso nos EUA

Aluno da UnB foi aprovado em programa do MIT

05/12/2018 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:25

No começo de novembro, o jovem Rafael Ferreira, 20 anos,  recebeu a notícia de que tinha sido aprovado em um programa especial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos. Era um sonho que se tornava realidade.

Com a notícia da aprovação, veio também a informação de que deveria pagar para cursar um semestre na instituição US$ 25.760 mil (cerca de R$ 100 mil). Sem condições de bancar os estudos, Rafael lançou uma vaquinha online para tentar conseguir os recursos. A campanha vai até o dia 27 de dezembro.

Rafael Ferreira foi aprovado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para cursar o 5° semestre de física, cria vaquinha virtual para intercâmbio
Rafael Ferreira foi aprovado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para cursar o 5° semestre de física, cria vaquinha virtual para intercâmbio

“Eu sempre sonhei em fazer física, é o curso dos meus sonhos. Sou uma pessoa curiosa, queria entender o universo e tentar melhorar o mundo por meio da ciência. Só que aqui no Brasil, não existe um investimento tão forte nessa área. Sempre corri atrás e lutei para tentar estudar fora”, disse Rafael à Mariana Tokarnia, da Agência Brasil.

O jovem é dono de um currículo invejável. Foi bolsista no ensino médio, na escola particular Leonardo da Vinci, em Brasília. Foi aprovado em primeiro lugar em física na  UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e em segundo, no mesmo curso, na UnB (Universidade de Brasília), pelo Programa de Avaliação Seriada.

O estudante é atualmente voluntário no Amun Kids, que é inspirado no Modelo das Américas das Nações Unidas (Amun), voltado para crianças. “A gente vai em escolas públicas do Distrito Federal para tentar trazer uma mensagem para as crianças de um futuro melhor, de melhores perspectivas de vida. Incentivamos que por meio dos estudos elas busquem a realização dos próprios sonhos”, explica.

Rafael conta que pretende trabalhar com física de partículas. A intenção é, tentar entender o funcionamento do mundo a partir do mais básico. Um exemplo de aplicação o Brasil é o acelerador de partículas Sirius, cuja primeira fase foi recentemente inaugurada. O acelerador é considerado a maior instalação científica do país.

Antes mesmo de ingressar, o estudante diz que já assiste as aulas que são divulgadas online dos professores de física do MIT.

Bolsas de estudo

Rafael diz que não conseguiu nenhuma bolsa de estudos pelo Brasil para cobrir os gastos do curso no exterior. Desde 2011, o país conta com o programa Ciência sem Fronteiras, que tem o objetivo de promover a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e incentivar a visita de jovens pesquisadores altamente qualificados e professores seniores ao Brasil. No entanto, desde 2016 o número de bolsas ofertadas vem sendo reduzido.

Procurado, o MIT diz em nota que não considera as condições financeiras como requisito para a aprovação dos estudantes. “Nós consideramos cada aplicação sem nos basear em critérios financeiros ou condições dos estudantes pagarem a taxa. Apenas selecionamos os estudantes que acreditamos ser melhores para o MIT”.

A instituição possui programas de bolsas de estudo, mas no caso de Rafael, como se trata de um intercâmbio, o jovem não se enquadra em nenhum das possibilidades de financiamento por parte do MIT.