Estudantes de Curitiba criam robôs que praticam solidariedade
Um grupo de estudantes de 11 a 13 anos mostra que não há limites para o conhecimento, mesmo no ensino básico. A equipe Conectados –formada por alunos do 7º ao 9º ano da Escola Municipal Durival Britto e Silva, de Curitiba– criou robôs capazes de ajudar no combate à dengue, cumprir operações de resgate ou mesmo guiar uma pessoa com deficiência.
Os primeiros robôs criados pelo grupo eram programados para tarefas simples, como desenvolver um trajeto e desviar de obstáculos. Agora, as missões de cada projeto mostram conhecimento mais profundo de robótica. Quatro robôs montados na pequena sala da escola dedicada ao projeto estão sendo aperfeiçoados.
O laboratório foi montado depois que o grupo começou a acumular prêmios. O projeto recebe apoio da Rumo, maior concessionária de ferrovias do Brasil, cuja sede fica ao lado da escola.
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A diretora da escola, Anaí Rodrigues, ajuda a coordenar os trabalhos. A comunidade também participa das atividades. “Eles trabalham com conceitos que desafiam inclusive quem já está na graduação”, afirma o voluntário Lucas Hohmann, estudante de engenharia de controle e automação e pesquisador de robótica.
Conheça abaixo os robôs criados pelo grupo:
Robô-anjo
O robô atua como um guia vem sendo testado na própria escola e se tornou um exemplo de solidariedade. Batizado de Bobô, ajuda a estudante Luana de Castilho, 7 anos, que tem síndrome de Down, a chegar ao banheiro e a registrar informações para acompanhamento médico.
Antes de contar com Bobô, ela tinha de ser acompanhada por outra pessoa. Agora, faz o percurso sozinha e, para o registro dos dados, simplesmente aperta uma tecla verde ou uma vermelha. Com os dados, o médico pode avaliar se seu sistema urinário está funcionando bem.
O robô tem sensores que o direcionam sobre uma linha branca desenhada no chão e um visor digital para conferência dos dados acumulados durante seu uso. Segundo o grupo, poderia ser utilizado em qualquer ambiente adaptado, embora sua produção em escala ainda não tenha sido avaliada.
O robô será apresentado na Mostra Nacional, que ocorre durante a Olimpíada Brasileira de Robótica, que acontece de 9 a 12 de novembro, em Recife (PE).
Operação resgate
O grupo está concentrado no robô que vai competir na Olimpíada Brasileira de Robótica. Ele terá de cumprir funções que simulam um resgate em ambiente onde humanos não conseguem chegar.
O robô ainda não tem nome, mas já localiza o objeto alvo e o retira do chão, cumprindo trajeto pré-definido. Para que tenha desempenho exemplar e não falhe justamente no dia da competição, vem sendo aperfeiçoado com uma média de 50 testes por dia.
Combate à dengue
O maior robô criado até agora pelos alunos tem a missão de atuar no combate à dengue. Ele possui um drone, com hélices e GPS, para sobrevoar encostas de rios de difícil acesso. Durante o voo, consegue espalhar sementes de crotalária e citronela, plantas que inibem biologicamente o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença.
O dispositivo de semeadura, em plástico, foi projetado eletronicamente e produzido com uso de uma impressora 3D. Trata-se de um dosador que, ao girar, libera sementes de um reservatório instalado embaixo do drone. A distância entre uma semente e outra depende da velocidade do voo.
Por contar com drone e sistema de semeadura, o robô antidengue custou R$ 4 mil (cerca de 30% mais do que os outros). O dinheiro veio, principalmente, dos prêmios que o o grupo Conectados ganhou nos últimos anos. Os testes têm sido bem-sucedidos e o robô conquistou o primeiro lugar na Feira Tecnológica da Ordem Rosa Cruz, em Curitiba, no mês passado.