Estudo aponta que proteger rios custa pouco e melhora vida

Um estudo global feito pela ONG The Nature Conservancy em mais de quatro mil cidades aponta que proteger rios e nascentes custa pouco e melhora a vida nos municípios.  Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (12).

O estudo, chamado “Para além do manancial: benefícios ambientais, econômicos e sociais da proteção das fontes de água”, mostra como soluções baseadas na natureza, a exemplo do reflorestamento e das boas práticas de manejo agrícola, podem ganhar escala, de modo a fazer uma diferença significativa para o desenvolvimento sustentável, melhorando as vidas de bilhões de pessoas.

Um dos principais fatores de risco à disponibilidade de água nas médias e grandes cidades é a erosão de rios e nascentes. O levantamento da TNC aponta que 80% das cidades analisadas podem reduzir significativamente a presença de sedimentos e nutrientes nas fontes de água usadas em seu abastecimento, se protegerem as florestas ao redor dessas fontes, fizerem o reflorestamento de áreas estratégicas e estimularem boas práticas agrícolas.

Estudo global da TNC, com dados de 4 mil municípios, mostra que em metade deles a conservação das fontes de água usadas no abastecimento custa até US$ 2 por pessoa

A vegetação em áreas de mananciais é imprescindível para que a população tenha água porque as árvores ajudam as gotas de chuva a se infiltrar no solo, o que forma nascentes e rios, e evitam, com suas raízes, que a terra seja carregada para os corpos d’água.

De acordo com o levantamento, 40% das áreas de mananciais no mundo mostram níveis moderados ou altos de degradação. Os impactos disso sobre a segurança hídrica podem ser graves. No caso dos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, esse índice de degradação é superior a 70%.

O relatório estima que, para elevar em 10% a redução dos sedimentos e nutrientes em 90% das bacias de mananciais, seria necessário aumentar os gastos anuais com os programas de financiamento de serviços ambientais de US$ 42 bilhões para US$ 48 bilhões. Esse patamar de financiamento representa cerca de 7% a 8% dos gastos com a água em todo o mundo, e equivale ao que cidades como Nova York gastam na proteção das bacias que abastecem seus moradores. Com esse nível de investimento, seria possível aumentar a segurança hídrica de pelo menos 1,4 bilhão de pessoas, se ele se concentrar em bacias cuja redução de sedimentos e nutrientes é mais econômica. No caso de metade das cidades analisadas, proteger as águas dos mananciais poderia custar apenas US$ 2 ou menos por pessoa, anualmente.

O relatório ainda estima que uma em cada seis cidades (o que corresponderia a aproximadamente 690 cidades, prestando serviço a mais de 433 milhões de habitantes em todo o mundo) tem potencial de recuperar integralmente os custos das medidas de preservação somente com a economia que teriam com o tratamento da água. Outras cidades podem extrair valor adicional dos benefícios indiretos, obtendo, no total, um valor acumulado que proporciona um retorno positivo sobre o investimento.

O relatório foi elaborado em parceria com o Projeto Natural Capital, a Forest Trends, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Parceria de Fundos de Água da América Latina.

Confira o resultado completo do estudo em global.nature.org.