Estudo brasileiro é premiado ao usar semente de soja contra Aids

09/02/2018 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:18

Uma pesquisa desenvolvida por quatro instituições, entre as quais a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, foi premiada pelo Consórcio Federal de Laboratórios (FLC, na sigla em inglês). O estudo comprovou que sementes de soja geneticamente modificadas podem se constituir em biofábrica para a cianovirina, proteína muito eficaz no combate à Aids.

Soja geneticamente modificada
Soja geneticamente modificada

O reconhecimento aconteceu pela excelência na transferência de tecnologia na área de saúde e serviços humanos em todo o território norte-americano.

O estudo foi feito em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês), a Universidade de Londres e o Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul (CSIR, sigla em inglês).

O pesquisador Elibio Rech, que coordenou a participação brasileira nos estudos, diz que, além do reconhecimento científico, o prêmio comprova a importância da cooperação técnica para o desenvolvimento de pesquisas de ponta na área de biotecnologia. Para Rech, a homenagem “coroa” uma pesquisa de mais de uma década, que obteve excelentes resultados graças à parceria com os institutos internacionais.

Semente de soja produz substância usada no combate à Aids
Semente de soja produz substância usada no combate à Aids

A pesquisa tem forte componente humanitário, porque os países em desenvolvimento com altos índices de propagação da Aids terão licença de produção e de uso livres do pagamento de royalties, ressalta Rech. O pesquisador lembra que, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em países como Zâmbia e África do Sul, cerca de 20% da população são portadores da doença.

O estudo constatou que a cianovirina, uma proteína que está presente em algas, é capaz de impedir a multiplicação do vírus HIV no corpo humano e pode ser introduzida em sementes de soja geneticamente modificadas, o que permite que seja produzida em larga escala. A partir daí, é possível desenvolver um gel com propriedades viricidas para prevenir a contaminação.

Elibio Rech explica que os efeitos positivos da cianovirina estão comprovados desde 2008, após testes realizados com macacos pelo NIH. “O que faltava era descobrir uma forma eficiente e econômica para produzir a proteína em larga escala.”

Ele destaca que, ao investir em pesquisas com biofármacos, a Embrapa espera fazer com que esses medicamentos cheguem ao mercado farmacêutico com menor custo, já que são produzidos diretamente em plantas, bactérias ou no leite dos animais, as chamadas  biofábricas, o que pode reduzir os custos de produção em até 50 vezes.

Com informações da Agência Brasil e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia