Ferramenta informa num clique quem financia candidatos

25/08/2014 00:00 / Atualizado em 06/05/2020 16:50

No último sábado (23), 48 jovens desenvolvedores deixaram o dia de sol em São Paulo de lado e se dedicaram a criar aplicativos com foco nas eleições e no monitoramento do Congresso.

Os vencedores foram os criadores do Quem Financia, nome provisório de uma extensão do navegador Chrome que varre a página que o internauta estiver lendo, identifica os nomes de candidatos à Presidência e ao governo e oferece ao usuário a opção de saber quem financia aquele político, além de sua declaração de bens.

“Falta desenvolver algumas coisas para que ele seja lançado com qualidade, mas a proposta é oferecer a extensão já nestas eleições”, afirma Pedro Dias Fonseca, 24, graduado em Ciência da Computação pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O grupo vencedor chegou à capital paulista quase completo. Além de Pedro, Augusto Farnese, 25, mestre em ciência da computação pela UFMG, e Luiz Paulo Coelho Ferreira, 28, mestrando de ciência da computação da UFMG, não apenas se conhecem como trabalham juntos em uma startup, o Projeto Brasil. A exceção foi Rafael Zanoni, 28, formado em sistemas de informação pela Faculdade Expoente, de Curitiba, que foi integrado ao grupo no sábado.

A hackathon (maratona de criação de aplicativos) foi promovida pela Transparência Brasil, organização independente dedicada a monitorar a integridade das instituições públicas, e pela Sensedia, que desenvolveu a ferramenta que possibilitou o acesso aos bancos de dados da ONG. O evento contou também com apoio do Google Brasil.

Foram colocadas à disposição dos participantes informações detalhadas sobre os candidatos à Presidência, ao governo estadual, ao Senado, à Câmara e às Assembleias Estaduais, além de dados de quem tenta a reeleição.

 
 

De acordo com Natália Paiva, coordenadora da Transparência Brasil, o evento produziu algo novo. “Já há alguns aplicativos de política disponíveis, mas normalmente foram feitos apenas pelo pessoal de tecnologia, por alguém que pensou em levar essa informação [ao público], mas não houve uma interlocução com quem entende e trabalha com política.”

E completa: “Houve essa troca entre quem lida com política e monitoramento de instituições públicas e quem atua com tecnologia. Todas as ideias foram discutidas e monitoradas”.

Após dez horas de trabalho intenso, as 12 equipes apresentaram os resultados de seus projetos a uma comissão julgadora formada por Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil, José Roberto de Toledo, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”, José Papo, gerente de Relações com Desenvolvedores e Startups do Google Brasil, e Kleber Bacili, presidente da Sensedia.

A decisão do júri não foi fácil, afirma Papo, do Google Brasil, tanto que houve duas menções honrosas (aos projetos Tô de Olho e Smart Innovation). “Foi difícil selecionar o vencedor. Os desenvolvedores, tendo informação aberta e em formato simples para usar, puderam pensar em soluções e ideias interessantes. Surpreendente foi ter essas aplicações já funcionando ainda hoje [sábado], com tão pouco tempo para criar”.

A equipe vencedora ganhou laptops Chromebooks. Os demais participantes levaram para casa Chromecasts (dispositivo que permite compartilhar imagens via streaming a partir de um tablet ou smartphone diretamente para a TV) e US$ 500 em créditos para usar em ferramentas da plataforma de cloud computing do Google.

A hackathon marcou o lançamento da Open API da Transparência, uma ferramenta de programação que permite explorar as principais bases de dados da organização, principalmente do projeto Quem Quer Virar Excelência nas Eleições de 2014, lançado neste mês e que reúne dados sobre os políticos que se candidataram para as eleições de outubro.

Foi também criado um portal dedicado aos desenvolvedores e integrado aos dados oferecidos pela Transparência Brasil. Dessa forma, desenvolvedores e ONGs podem utilizar os dados para criar soluções tecnológicas que ampliem o monitoramento dos integrantes do Congresso.

Para os participantes da hackathon, vale o recado de Pedro Dias Fonseca, em seu discurso de vitória: “O importante é que isso [aplicativos desenvolvidos no evento] evolua e possa estar nos equipamentos de todos os eleitores. Não os deixem guardados”.

Por QSocial