Ferramenta pedagógica para cegos pode dar prêmio a brasileiro
Método é considerado exemplar pelo movimento Sou Responsável, campanha sem partidos, candidatos ou ideologia apoiada pelo Catraca Livre e pelo Instituto SEB de Educação
O professor paranaense Rubens Ferronato precisou se reinventar. Ele teve de ir muito além do giz e da lousa para tornar os cálculos matemáticos mais acessíveis a alunos com deficiência visual. Sua iniciativa lhe rendeu vários reconhecimentos e uma indicação para a final do prêmio Global Teacher Prize. Ele é o único brasileiro entre os 50 docentes finalistas.
Essa história faz parte da série para o movimento Sou Responsável, cuja meta é estimular o protagonismo dos brasileiros. Nesta eleição, o Catraca Livre e o Instituto SEB de Educação decidiram apoiar essa campanha para ajudar o brasileiro a ser parte das soluções, e não do problema.
O resultado do Global Teacher Prize 2018 será anunciado no próximo domingo (18), em Dubai. Ferronato diz que, se ganhar, pretende aplicar o dinheiro no aperfeiçoamento e na disseminação de seu método, que possibilita, por exemplo, usar o tato para compreender um gráfico de plano cartesiano.
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A origem
Sua ideia nasceu após uma primeira tentativa frustrada de trabalho com um jovem cego, em 1998. Em 2000, surgiu uma nova oportunidade. O estudante era Ivã José de Pádua. Novamente, porém, as coisas não foram bem. “Eu não queria perder esse aluno. E por quê? Porque quando ele estava presente eu tinha que conduzir a aula de uma forma melhor.”
Na busca por uma maneira de atrair a atenção do estudante, Ferronato foi a uma loja de materiais de construção e comprou rebites, elástico e uma placa perfurada para montar o plano cartesiano, com seus eixos X e Y. Nascia assim a ferramenta pedagógica Multiplano.
O docente conta que Pádua tocou no material e começou a questionar. “Em poucos minutos, reconheceu o plano cartesiano inteiro e já estava montando gráficos, quando me disse: ‘Olha que absurdo, eu passei uma vida inteira ouvindo dos professores que eu nunca ia conseguir fazer um gráfico. Agora está aqui na minha mão, estou entendendo’.”
Além de aprender novos conceitos, o aluno passou a interagir mais com os colegas. Para Pádua, ações como a do Multiplano podem mudar a vida de muitas pessoas com deficiência. “Costumo brincar que a gente precisa matar um leão por dia para mostrar que é capaz e as pessoas ainda torcem pelo leão”, diz o jovem.
Para ajudar pessoas como ele, Ferronato pretende traduzir seu método para as 12 línguas mais faladas do mundo e visitar, no período de dez anos, 30 países. “Dentro do Brasil, a expectativa é trabalhar em todas a capitais nos próximos dois ou três anos”, adianta o professor.
Com informações do MEC