Fotógrafa desmitifica padrão na decoração de apartamentos populares

01/03/2016 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:55

O que os apartamentos do programa governamental Minha Casa, Minha Vida têm em comum? “Apenas a planta”, constatou a historiadora e jornalista Carol Quintanilha, ao fotografar 50 salas de estar dos conjuntos habitacionais Jardim Silvina, Oleoduto e Três Marias, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

“Algumas pareciam mostruário de loja de móveis populares, mas outras abrigavam pessoas realmente criativas, que experimentavam cores e texturas”, relata. “Muitos eram pintores ou trabalhadores da construção civil e aplicavam nas suas casas as excentricidades que veem por aí, sem obedecer ao padrão imposto à classe social.”

Especialista em clicar a vida privada das pessoas, principalmente as mais excluídas da sociedade, os apartamentos vazios retratados por Carol, a pedido da secretaria de habitação, revelam que mesmos espaços planejados com frieza permitem interpretações variadas e ganham a personalidade de cada morador.

“Existe uma tendência em tratar os beneficiários de forma pasteurizada. Entregar o local como acabamento final é tirar a chance de o morador dar a sua cara ao local. Sim, tem que discutir se o governo ajuda ou não com esses custos, mas tirar do protagonista a chance de se apropriar faz com que o carinho pela casa seja menor.”

Por QSocial