Hortas comunitárias se multiplicam nas comunidades do Rio

Desenvolvimento socioeconômico, segurança alimentar, aumento da capacidade de infiltração da água no solo, conservação da biodiversidade e diminuição do efeito estufa e da poluição, são alguns dos benefícios da pequena horta comunitária no morro da Formiga, na Tijuca, zona norte do Rio.

Sem placa ou aviso, o portãozinho de madeira na subida do morro passa desapercebido para quem não é da comunidade. Mas o entra e sai de moradores mostra que a popularidade da horta dispensa propagandas.

Existem 30 hortas com este perfil espalhadas pela cidade, fruto do projeto Hortas Cariocas, criado há seis anos pela prefeitura, com o objetivo de incentivar a prática da agricultura urbana e oferecer gêneros alimentícios de qualidade a custo acessível, sobretudo nas comunidades pobres.

O projeto determina que metade da produção dos alimentos seja obrigatoriamente doada para as escolas do bairro e às famílias com maior vulnerabilidade social, indicadas pela associação dos moradores. A outra parte pode ser comercializada pelas equipes e o lucro é dividido entre os beneficiários.

Para o idealizador e gestor do projeto, Julio César Barros, da Secretaria de Meio Ambiente, nesses oito anos de trabalho é possível afirmar que as hortas têm reduzido os índices de ocupação irregular de terrenos ociosos, elevando os níveis de inclusão social, além de propiciar aos moradores da comunidade alimentação livre de transgênicos e agrotóxicos.

A associação dos moradores costuma indicar pessoas em situação de vulnerabilidade, como ex-presidiários e indivíduos que tenham envolvimento com o tráfico de drogas.

No Complexo de Manguinhos, zona norte, a horta pública é considerada a maior da América Latina, com cerca de 1 quilômetro de diâmetro emprega dezenas de pessoas. O local ocupa um terreno baldio, antes frequentado por usuários de crack e depósito de lixo.

A maior ambição do Hortas Cariocas é promover no médio prazo a emancipação da horta, quando os hortelãos atingem um nível de produção, cujo lucro é maior vendendo a produção do que recebendo a bolsa da prefeitura, mesmo tendo que doar metade do que é produzido. Cada funcionário ganha hoje R$360 e o coordenador, responsável pelas atividades na horta e funções administrativas, como compra de sementes e ferramentas, entre outras funções recebe R$480.

Outra parceria feita com a concessionária de energia elétrica Ligh tem possibilitado a criação de hortas sob Linhas de Transmissão de Energia, como é o caso da horta da Formiga. A Companhia de Lixo Urbano também contribui em algumas hortas com composto orgânico. Estão previstas mais cinco hortas na cidade até o fim do ano.

Da Agência Brasil