‘Instagram para médicos’ chega ao Brasil neste ano
O caso de uma jovem que morreu pouco mais de uma semana depois de retornar de uma viagem na América Latina é emblemático para o médico canadense Joshua Landy. Dias depois da internação, a equipe que a acompanhava conseguiu finalmente chegar a um diagnóstico: queimadura por taturana. Entraram em contato com especialistas brasileiros, que enviariam em 48 horas um soro para o tratamento. Mas ela acabou morrendo antes.
Landy sempre se pergunta se o aplicativo que ele inventou teria ajudado a salvá-la. Apelidado de “Instagram dos médicos”, o Figure1 é usado por profissionais de saúde para compartilhamento de imagens que postam exames ou fotos de pacientes (sem identificá-los) para discutir casos. Para facilitar as buscas, são divididas por especialidade médica (alergia, dermatologia e ortopedia, entre outras) ou por anatomia (dentes, olhos, membros inferiores, pulmão etc.).
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“Com o app, é possível entrar em contato instantaneamente com médicos e outros profissionais da saúde de diferentes formações e países. Se o caso é sobre uma doença que você não conhece bem, como queimadura por taturana, alguém no outro canto do mundo pode ser especialista nisso e um tratamento pode ser feito de maneira mais rápida”, disse à BBC Brasil.
Lançado em 2013, o número de usuários cadastrados do Figure1 subiu de 100 mil, no ano passado, para 500 mil, neste ano. São médicos, enfermeiros e dentistas de 170 países, e apenas eles podem publicar fotos e comentar (uma equipe de checagem verifica os perfis). Neste ano, o app finaliza sua primeira versão em língua não inglesa, em português do Brasil. “Temos um número expressivo e crescente de usuários no Brasil, especialmente de estudantes de medicina”, conta Landy.
O canadense – que apesar da nova carreira de empreendedor no mundo da tecnologia segue trabalhando como intensivista – diz que recebe diariamente histórias de usuários relatando como o aplicativo os ajudou a solucionar casos difíceis ou a aprender mais sobre determinado tema. “Temos desde casos com exames sofisticados até médicos que trabalham em condições precárias. Um deles nos contou que trabalha em vilarejos da Amazônia peruana e, isolado e sem possibilidade de pedir exames, usa o Figure1 para ajudar em seus diagnósticos.”
Para Landy, o Figure1 é um passo além dos aplicativos de mensagens instantâneas, como o Whatsapp – já muito usado por médicos para discutir casos em grupos formado por colegas da mesma especialidade – por conta do alcance e do dispositivo que bloqueia a face do paciente ou marcas que o identificam (como tatuagens) para manter sua privacidade.
Por QSocial, com informações da BBC Brasil