Jogo de cartas reflete sobre a corrupção na organização da Copa

De forma lúdica e ao mesmo tempo crítica, o jogo “A Conta da Copa é Nossa”, do coletivo Quequeré, coloca os participantes numa posição inusitada: a de organizadores da Copa do Mundo  . A partir de dados reais e de uma pesquisa de dois anos sobre as obras envolvidas no processo de realização do torneio, os jogadores assumem o papel de representar uma grande empreiteira que compete para obter participações na construção de obras em cada uma das doze cidades-sede.

Na disputa para conseguir mais recursos, os jogadores têm à disposição cartas de políticos e personalidades que os auxiliam (ou frustram) em diferentes tarefas, como conseguir favores e prejudicar concorrentes. As obras podem ser de estádios, mobilidade urbana, aeroportos e terminais marítimos. São elas, além dos bônus dados por cartas de governadores (dos Estados-sede) e de patrocinadores (as marcas oficiais do mundial), que se revertem em pontos ao final da partida.

“Literalmente, a ideia surgiu durante uma conversa de bar. Eu estava com um amigo que também cria jogos e me falava da sua vontade de fazer uma linha sobre a Copa. Eu achei a ideia legal, mas não queria algo sobre futebol, e, sim, sobre a organização do evento e os processos envolvidos nele. Logo parti para a pesquisa e assim nasceu esse jogo de cartas”, explica o fundador do coletivo e criador do jogo, Guilherme Cianfarani.

Para que seja possível o lançamento, marcado para o dia 11 de junho, um dia antes da inauguração do campeonato oficial de futebol, os criadores lançaram uma campanha de financiamento coletivo no Sibite, onde é possível conseguir uma unidade com apoio de R$ 100.

“Ao atingir a meta (R$ 49.550), a previsão é de que as mil unidades que serão confeccionadas fiquem prontas até os dias finais da Copa 2014”, diz Cianfarani.

Essa é a segunda iniciativa do coletivo. No ano passado conseguiram financiar o jogo “Brasil, um País de Tolos”, também de cartas baseado em personalidades da sociedade e na influência que elas têm.  “Trabalhamos sempre com temáticas ligadas a política e a cultura brasileira. Nossa crença é de que os jogos são uma ferramenta divertida de se trabalhar o questionamento do status quo”, afirma Cianfarani.