Jornalista brasileira da voz para mulheres refugiadas na Síria
Lucia Helena Issa viveu 25 dias com mulheres refugiadas e conta suas histórias
O mundo inteiro assiste atônico o drama de milhares de refugiados. A guerra na Síria, por exemplo, já matou mais de 480 mil pessoas, sendo 100 mil delas crianças, e deixou cerca de 8 milhões de refugiados, no país que antes viviam 23 milhões de pessoas.
Movida pela imensa dor e pelas perdas que viu nos campos de refugiados, a jornalista e correspondente de guerra internacional Lúcia Helena Issa decidiu voluntariamente voltar ao campo de refugiados da Síria para viver durante 25 dias como as mulheres refugiadas vivem. Comeu a mesma comida, dormiu em barracas da ONU, sentiu a dor, as perdas e os sonhos de paz.
Essa experiência resultou na elaboração de um projeto de ajuda humanitária que contou com a participação de muitos amigos cariocas que abraçaram a ideia e doaram dinheiro para a compra de material escolar e brinquedos para quase 300 crianças dos Campos de Zahle, na fronteira entre Síria e Líbano, onde ela ficou por várias semanas.
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Segundo Lucia, isso só foi possível porque todos acreditaram que poderiam ajudar e viram neles a própria humanidade refletida. Durante essas semanas em Zahle, ela foi a única cristã no campo de refugiados em meio a três mil muçulmanos, recebida com imenso amor, respeito e gratidão por todas as pessoas.
“Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Vi cenas que ficarão para sempre tatuadas em mim, assim como em milhares de mulheres e crianças mutiladas. Foram cerca de 1,5 milhão de pessoas mutiladas, sendo 86 mil que perderam um membro do corpo. Com a ajuda desses brasileiros pude dar um pouco de esperança e paz às crianças”, diz Lucia, que também foi ao Oriente Médio para escrever o livro “Filhas da Esperança”, que pretende lançar em dois meses sobre as mulheres palestinas que vivem há décadas em campos de refugiados.
Por conta desse trabalho humanitário, a jornalista recebeu diversos prêmios, entre eles a Medalha Marielle Franco, outorgada pela cidade de Salvador e pelo grupo Olodum, e o de Embaixadora da Paz, concedido pela Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture, por seu trabalho humanitário.
A jornalista é autora também do livro “Quando amanhece na Sicília” sobre a luta das mulheres sicilianas contra a máfia na Itália. O livro foi premiado no Brasil e em Portugal.