Entidade luta para que jovem promessa vire tenista profissional
Atuação de tenista é considerada exemplar pelo movimento Sou Responsável, campanha sem partidos, candidatos ou ideologia apoiada pelo Catraca Livre e pelo Instituto SEB de Educação
No último dia 8, o jovem tenista Paulo André Saraiva dos Santos, de 17 anos, marcou um ponto que transformaria sua história no esporte. Ele estreou no ranking oficial da ATP após uma vitória por 2 sets a 0 (6/4 e 7/6) contra o argentino Lorenzo Gagliardo.
Esse fato não chamaria tanta atenção se Santos não tivesse um histórico de dificuldades. Morador da periferia de Brasília (DF), o jogador é filho de uma diarista e de um pedreiro.
Essa história faz parte da série para o movimento Sou Responsável, cuja meta é estimular o protagonismo dos brasileiros. Em pleno ano eleitoral, o Catraca Livre e o Instituto SEB de Educação decidiram apoiar essa campanha para ajudar o brasileiro a também ser parte das soluções, e não do problema.
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“Quando eu ganhei, não sabia o que fazer. Eu fiz o movimento natural de levantar os braços, mas ainda não tinha ideia da proporção que ia tomar”, relembra, após ter herdado de um amigo lesionado o convite para a chave principal do torneio.
Ele conheceu o tênis quando tinha 12 anos, por meio de um projeto social chamado Segundo Tempo. “À época, eu jogava futebol por lá e meus amigos me chamaram para jogar tênis. Fiz a primeira aula e gostei”, conta o garoto. Para a mãe não pagar creche ou alguém para cuidar dele quando era mais novo, colocou-o no projeto, disse o jovem ao blog Saque e Voleio.
No começo, ela não via esse envolvimento com bons olhos, pois considerava o tênis um esporte de rico. Isso, porém, não o desmotivou. “Desde o início, eu falei para minha mãe que queria ser alguém na vida e realizar os nossos sonhos.”
Ele passou a treinar no CTL (Centro de Treinamento Lindoso) e a brincadeira foi rendendo frutos –e ficando bem mais séria. Aos 14 anos, sua decisão já estava tomada: queria ser jogador profissional.
Conforme foi se destacando, os treinamentos passaram a preencher as tardes de Saraiva –inicialmente, eram feitos somente pela manhã. “Eu estudo à noite para poder me dedicar mais”, diz o atleta.
Impedimento
O problema é que o garoto esbarra na dificuldade financeira para prosseguir na profissão que escolheu –e onde se destacou. Recentemente, viajou para um torneio com R$ 100 no bolso e pagou todas as despesas com o dinheiro que ganhou encordoando raquetes.
“Para mim, vai ser mais difícil pela falta de grana, mas eu tenho que ser bem profissional no que eu vou fazer, ser bem dedicado, para ter uma chance, pelo menos”, declarou.
Por isso, o CTL decidiu abrir uma campanha de financiamento coletivo com meta de arrecadação de R$ 30 mil. As doações serão recebidas até 9 de julho e, até agora, quase R$ 11 mil foram angariados.