Jovens angolanos apostam na educação superior do Brasil

Nos últimos anos, a colação de grau dos estudantes da Faculdade Pitágoras de Londrina, no norte do Paraná, tem chamado a atenção pela execução do hino nacional de Angola durante a cerimônia. O ato, que geralmente surpreende os convidados, é feito devido à constante presença de angolanos entre os alunos formandos. Muitos mudaram para o Brasil com o único intuito de investir na qualificação profissional.

Atualmente, a instituição possui 27 estrangeiros matriculados, sendo a maioria formada por homens angolanos. Dentre eles estão os irmãos Joelson Luís e Silva, 19 anos, e Geovany Luis e Silva, 21 anos, que decidiram apostar no ensino superior brasileiro.

Da esquerda para direita, Geovany, Mauro e Joelson, estudantes angolanos

“Na Angola, as universidades focam muito na teoria. As instituições brasileiras incentivam a prática, o que torna os diplomas daqui muito valorizados lá”, conta Geovany, aluno do curso de engenharia elétrica.

Os irmãos, que moram em Londrina, são auxiliados com recursos financeiros dos pais. “Temos mais nove irmãos, e somos considerados de classe média na Angola, mas lá os pais se esforçam muito para priorizar a educação dos filhos”, explica Joelson que cursa arquitetura e urbanismo.

Por terem um ensino médio diferente, em que os jovens são direcionados desde cedo para áreas que possuem maior afinidade e interesse, muitos angolanos já entram na faculdade com uma base de conhecimento que auxilia na aprendizagem. “Muitos são influenciados pelos pais ainda na adolescência a definir sua profissão, e depois no ensino médio começamos a vivenciar a área escolhida”, releva Mauro Ariel Miguel Soares, que também cursa arquitetura e urbanismo na Faculdade Pitágoras.

Apesar dos lamentáveis casos de xenofobia e racismo já registrados contra imigrantes vindos da África, inclusive em Londrina, os jovens angolanos contam que se sentem bem recebidos em suas turmas na faculdade. “Eu me dou bem com todos, e não fico junto apenas em um grupo de pessoas, porque é importante construir laços com todo mundo”, fala Joelson. Os três também costumam ajudar os demais estudantes com dificuldades em sala. “É um hábito que faz parte da nossa cultura: se unir e ajudar o outro para que todos consigam boas notas no final”.