Manteiga enriquecida pode ajudar pacientes com Alzheimer

09/07/2015 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:41

A introdução de uma manteiga enriquecida com ácido linoleico conjugada (CLA) –um tipo de ácido graxo encontrado na gordura de lacticínios– na dieta de ratos aumentou a atividade de uma enzima ligada à memória. Os resultados dos testes foram publicados, em abril, no “Journal of Neural Transmission”, e o estudo sugere que o consumo de alimentos ricos em CLA pode ser útil para pacientes com Alzheimer.

Entre os autores da pesquisa estão Wagner Gattaz, Leda Leme Talib, Emanuel Dias Neto e Fábio Mury, do Laboratório de Neurociências, do IPq (Instituto de Psiquiatria), ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Também assinam o artigo Marcos Gama e Fernando Lopes, da Embrapa, e Nadia Rezende Raposo, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Animais que ingeriram alimento com ácido linoleico tiveram aumento da atividade de enzima ligada à memória (Foto: iStock)
Animais que ingeriram alimento com ácido linoleico tiveram aumento da atividade de enzima ligada à memória (Foto: iStock)

Estudos da literatura científica demonstram que pacientes com Alzheimer apresentam baixa atividade de uma enzima chamada fosfolipase A2 (PLA2) no cérebro, ela está ligada às estruturas cerebrais relacionadas à memória.

Em pacientes sem Alzheimer, as membranas celulares são fluídas e renovadas normalmente, mas em pacientes com a doença, as membranas são rígidas e dificultam a liberação de ácidos graxos, como o ácido linoleico, que influencia nos mecanismos de formação da memória. Por isso o aumento da atividade da fosfolipase A2, que atua nas camadas das membranas celulares, pode ter contribuído para melhorar a memória dos animais.

Testes

Durante quatro semanas, ratos receberam dietas com quantidade normal de ácido linoleico (grupo controle), quantidade elevada (manteiga enriquecida) e abaixo do normal. Eles foram ensinados a desempenhar determinada tarefa para analisar a situação da memória.

A análise do tecido cerebral dos animais mostrou que os alimentados com maior quantidade de ácido linoleico apresentavam maior atividade das fosfolipases, correlacionada à melhoria da memória dos animais

Apesar de os testes sugerirem que os produtos lácteos enriquecidos com ácido linoleico podem ser úteis no tratamento da doença, a pesquisadora alerta que precisam ser feitos mais estudos.

Agência USP de Notícias