Método permite detectar zika vírus em sangue de transfusão

08/02/2016 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:54

Pesquisadores do Departamento de Biologia Molecular da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo — instituição ligada à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP– desenvolveram um método para detectar a presença do zika vírus no sangue usado em transfusões.

Inicialmente a metodologia seria indicada apenas para a triagem de bolsas de sangue destinadas a gestantes ou a transfusões intrauterinas (nas quais o sangue é transfundido diretamente no feto). A iniciativa é medida de precaução, já que não existe confirmação de que a transmissão transfusional do vírus represente risco ao feto.

Hemocentro de São Paulo usará teste para triar bolsas destinadas a gestantes e a transfusões intrauterinas
Hemocentro de São Paulo usará teste para triar bolsas destinadas a gestantes e a transfusões intrauterinas

“No caso do zika, a grande preocupação é com grávidas e fetos. Achamos que não seria boa ideia, nesses casos, usar sangue com risco de ter o vírus. Nossa proposta foi fazer um teste para ser usado em um pequeno número de bolsas de sangue –0,16% do estoque do banco de sangue– destinado a esse público-alvo. Pretendemos começar a aplicar o teste no Hemocentro de São Paulo logo após o Carnaval”, afirmou José Eduardo Levi, coordenador do projeto.

Desde o início da epidemia de zika no Brasil, em 2015, pelo menos dois casos de transmissão por meio de transfusão sanguínea foram confirmados no Hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Em relação à dengue, já é conhecida a possibilidade de ocorrer transmissão transfusional. Segundo Levi, estima-se que até 1% dos doadores de sangue –nos períodos de pico epidêmico– sejam positivos para o vírus da dengue no momento da doação, mas não é feita nenhum tipo de triagem laboratorial.

A metodologia alia um método de biologia molecular conhecido como PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo real a protocolos desenvolvidos no Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, para detecção do vírus.

A validação do método foi feita com controles positivos (isolados do vírus cultivados em laboratório que servem para confirmar se o que está sendo detectado é de fato o vírus zika) fornecidos por pesquisadores da Rede Zika.

Com informações da Agência Fapesp