Mutirão distribui cestas agroecológicas a comunidades vulneráveis

Desde abril, já foram doadas quase 4 mil cestas, em 78 comunidades em 15 estados e no DF

Conteúdo por Agência Brasil
19/07/2020 18:55

Para manter a renda e a produção de agricultores familiares e ajudar a quem está sem recursos para sobreviver neste momento de pandemia de covi-19, um grupo de voluntários organizou uma rede de solidariedade para unir campo, floresta e cidade, levando alimentos saudáveis a quem precisa.

Além de alimentos agroecológicos, produzidos sem agrotóxicos e de forma integrada com a floresta, o Mutirão do Bem Viver em Resposta à Pandemia distribui também alimentos não perecíveis e de higiene pessoal em 15 estados.

Desde abril, já foram doadas quase 4 mil cestas, em 78 comunidades em 15 estados e no DF
Desde abril, já foram doadas quase 4 mil cestas, em 78 comunidades em 15 estados e no DF - Antonio Cruz/Agência Brasil Geral

Entre as comunidades beneficiadas estão assentamentos rurais, favelas, ocupações urbanas, territórios tradicionais quilombolas e indígenas e população em situação de rua.

Desde abril, já foram doadas quase 4 mil cestas, em 78 comunidades nos estados do Amazonas, Piauí, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.

Arrecadação coletiva

O trabalho é mantido por voluntários e financiado por uma arrecadação coletiva pela internet, lançada no final de março, além de doações da sociedade civil.

Segundo a incentivadora do Mutirão no Distrito Federal, Nádia Nádila, uma das idealizadoras da iniciativa, a ideia partiu das comunidades agroecológicas, organizadas pelo grupo desde o início do ano passado em oito estados, que une o pequeno produtor rural ao consumidor dos alimentos nas cidades, sem intermediários.

“A gente trabalha a perspectiva de luta no campo, de fornecer alimentos sem veneno para quem quer consumir esse tipo de alimento e esse trabalho nos territórios. A partir disso, como a gente conseguiria fortalecer quem está nas favelas nas periferias, nos territórios indígenas, nos territórios quilombolas, com essa cesta agroecológica, ao mesmo tempo em que a gente fortalece quem está no campo produzindo alimento e não tinha condições de escoar a produção por conta do isolamento social”.

De acordo com ela, logo no começo da pandemia foram lançados os formulários para cadastro dos agricultores agroecológicos, a vaquinha para arrecadar recursos para comprar esses produtos e também o de voluntários.

Os territórios também são cadastrados por um formulário e, segundo Nádia, eles são atendidos de acordo com a capacidade de organização da rede, que precisa unir o produtor rural com uma pessoa de referência na comunidade e os voluntários da logística em cada local.

“A gente teve uma resposta boa, até pela dificuldade que muita gente estava perdendo a produção e muitos estão numa situação de precarização, para se manter no campo. Tivemos uma boa resposta na chamada para os agricultores. De voluntários temos mais de 700, em grupos como logística, arrecadação, comunicação”.

Pós-pandemia

O projeto pretende ter continuidade quando a pandemia passar. Uma das idealizadoras do Mutirão no Distrito Federal, Nádia Nádila, explica que, mais do que uma assistência emergencial nesse momento de dificuldade, o projeto pretende fortalecer a relação das pessoas com o território em que vivem, com ações de longo prazo e a construção de hortas comunitárias e cozinhas coletivas em alguns desses locais atendidos, para consolidar uma rede permanente de solidariedade.

“Ainda estamos em alta da curva do coronavírus, então não dá para fazer as cozinhas e hortas ainda. Estamos trabalhando na caracterização desses territórios que a gente visitou, fazendo o levantamento de como ele é,  quantas pessoas vivem lá, a viabilidade, quais as demandas, envolvimento da comunidade, o que ela quer. Estamos ali para fortalecer o território, mas o protagonismo da ação é de quem está lá.”

Como participar

Uma parte dos recursos arrecadados no financiamento coletivo será aplicada na construção das hortas e cozinhas comunitárias. Para participar do mutirão: