Noivos abrem mão de festa e presente de casamento por construção de escola

A cada real doado, o casal colocará mais R$1 para a execução do projeto que será realizado pela Fraternidade sem Fronteiras

04/11/2020 13:17

Qual é o fio amoroso que liga o casamento de Taina e Renato com carteira escolar, quadro negro e milheiro de tijolos? Com simplicidade e ineditismo, os noivos decidiram somar os recursos que seriam gastos com a festa e a tradicional lista de presentes em uma ampla campanha para a construção de uma escola na aldeia moçambicana de Matuba, na África.

Com o planejamento na ponta do lápis, cada centavo que receberem já tem o destino estrategicamente desenhado no papel. A meta é atingir R$ 220 mil para a unidade de ensino que, a princípio, terá capacidade para 300 crianças.

 A cada real doado, o casal colocará mais R$1 para a execução do projeto que será realizado pela Fraternidade sem Fronteiras
 A cada real doado, o casal colocará mais R$1 para a execução do projeto que será realizado pela Fraternidade sem Fronteiras - Divulgação/FSF

Como surgiu a ideia da escola? Nas últimas férias de janeiro, a cearense Taina Pessoa e o carioca Renato Marques, namorados há 2 anos e 8 meses, e radicados em Brasília, participaram de uma caravana voluntária da Organização humanitária Fraternidade sem Fronteiras (FSF) para Moçambique, na África. Antes da viagem, mergulhados em muitos orçamentos para a festa, já tinham decidido pelo casamento em 2020.

Durante a permanência de sete dias pelas aldeias africanas, o impacto: o cenário de “miséria absoluta”, que mudou radicalmente “nosso conceito de celebração”, frisa Taina. “Mudou nossa perspectiva de vida”, arremata Renato.

Nas aldeias, além de participarem da organização e distribuição dos produtos levados do Brasil (46 malas com roupas, sapatos, materiais de higiene, entre outros), tiveram estreito contato com as crianças e as vivências transformadoras. Com os pés descalços, os pequeninos pisam firme em uma terra de pobreza absoluta, mas sustentada pela generosa partilha da filosofia Ubuntu (“eu sou porque nós somos”), que tem o bispo africano Desmont Tutu como um dos grandes porta-vozes.

 
  - Divulgação/FSF

“É um choque cultural muito grande”, diz Renato. “Eles são gratos pelo pouquíssimo que tem. Vi idosos que nunca deitaram em uma cama sequer. Mas todos cantam, dançam, repartem, respeitam, esperam. Trazem a expressão da esperança”, afirma, com a memória pulsando em cada palavra.

Ao continuarem a jornada, na aldeia de Matuba, se depararam com a precariedade de uma pequena escola. “Parede pau a pique, mobiliário todo quebrado, falta de banheiro e de energia elétrica, enfim, sem estrutura alguma”, relatam.

Impulsionados pela realidade, os noivos não pensaram duas vezes e decidiram investir em uma obra que fincaria raízes naquele pedaço de chão e deixaria como legado, “o principal instrumento de desenvolvimento: o conhecimento”, apontam, resolutos.

De que forma? Na construção de uma escola novinha em folha em Moçambique, traçada em parceria entre o casal e a equipe voluntária de arquitetos da FSF, que se tornaria o sonho não apenas dos dois, mas de uma multidão.

“Ao invés de gastarmos com uma festa de casamento e recebermos presentes de uma lista tradicional, optamos por investir os recursos em algo que pudesse contribuir para um mundo melhor”, diz Taina, com o semblante de quem descobriu no próximo, a felicidade.

Como funciona?

A cada real doado, o casal também doará um real. A execução do projeto e a gestão da escola serão realizadas pela Fraternidade sem Fronteiras, que já desenvolve projetos em cinco países da África e em vários estados brasileiros.

Para auxiliar na decisão do valor da doação, Taina e Renato (ambos fundadores do projeto social Formiguinhas da Alegria, em Brasília) apresentaram uma listinha com os preços aproximados de alguns itens essenciais para a construção da escola: quadro negro, R$ 750; carteira escolar, R$ 100; lata de tinta grande, R$ 250; milheiro de tijolos, R$ 500; mesa e bancos para o refeitório, R$ 1000, entre outros.

O casal faz questão de deixar claro que todo o andamento da obra e a aplicação dos valores serão publicados nas redes sociais. “Também divulgaremos fotos da construção em tempo real e estaremos sempre disponíveis para esclarecer eventuais dúvidas”, reiteram.

E o casamento?

A celebração terá a presença dos familiares, mas todos os “sonhadores” dessa jornada terão lugar garantido: a transmissão da cerimônia acontece no dia 7 de novembro, às 11h, ao vivo, pelo Instagram dos noivos.

Entrevista já terminando, e Taina lembra do “festão”. Mas tudo não é para a escola?, pergunto.

Os noivos, certeiros e cúmplices absolutos, respondem com outra surpresa: “Faremos uma grande festa no dia da inauguração da escola”, e arriscam até uma previsão do tempo: “Um ano e meio”.

Para contribuir com Taina e Renato, basta acessar: https://campanhadobem.com.br/campanhas/taina-e-renato