O que acontece se a Apple entrar no mercado automotivo

No final de fevereiro os principais jornais do mundo noticiaram que a Apple trabalha secretamente no desenvolvimento de um automóvel elétrico. O veículo estaria no mercado em 2020, prazo ousado, considerando que um novo projeto nas montadoras tradicionais leva em média sete anos para chegar ao consumidor.

Na avaliação de Michael Schrage, pesquisador do MIT Sloan School’s Center for Digital Business e autor do livro “The Innovator’s Hypothesis”, se a Apple quiser de fato transformar bastante a experiência de dirigir, e também a indústria automobilística, ela certamente tem a inventividade e os recursos para fazê-lo.

Em artigo para a “Harvard Business Review”, Schrage afirma que a mais importante questão sobre um possível automóvel desenvolvido pela Apple não é sobre sua aparência, design, recursos ou preço, e sim sobre como a indústria automotiva responderia a uma genuína competição de ruptura. Isto é, o que acontecerá com os fabricantes tradicionais de carros quando verdadeiras e bem-dotadas empresas inovadoras se comprometerem a elevar a outro patamar a experiência de dirigir um automóvel?

O dinheiro, nesse caso, é secundário, o que importa é a capacidade e a criatividade. Schrage projeta que pode acontecer algo similar ao que ocorreu desde o lançamento do iPhone, que levou gigantes como a Nokia quase à irrelevância, possibilitou a entrada de novos players, como o Google, com o sistema Android, e tornou a Samsung e a Xiaomi grandes competidores do setor de smartphones. O modelo de negócio das Apple Stores também é um exemplo de como a Apple influenciou radicalmente a experiência de compra de um produto.

Assim, tudo o que a Apple tem de fazer para gerar um impacto revolucionário na indústria automotiva, segundo Schrage, é redesenhar a experiência de dirigir e o processo de compra do carro. Nesse caso, ela nem precisaria fabricar um novo tipo de veículo.

Uma parceria da Apple com o Uber, por exemplo, pode se tornar uma transformadora experiência de dirigir, se alinhada com o gerenciamento do trânsito pelo poder público nas grandes metrópoles mundiais.

Para Schrage, basta uma modesta incursão da Apple no setor automotivo para promover uma explosão de inovações, empreendedorismo e parcerias inovadoras.

Uma questão que já deve estar fervilhando na cabeça dos empreendedores, após a notícia da possível entrada da Apple no mercado automotivo, é sobre quais novas expectativas e valores serão gerados nesse setor a partir de uma possível onda de apps voltados a revolucionar a experiência de dirigir.

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