ONG começa mapeamento e revitalização de escadarias de SP

A cidade de São Paulo possui diversas escadarias que, em sua maioria, são conhecidas como lugares abandonados, degradados e inseguros. Para mudar a relação dos cidadãos com estes espaços, a ONG Cidade Ativa iniciou um projeto de revitalização do escadão da rua Alves Guimarães, localizado no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista e pretende levar a iniciativa para outros espaços urbanos.

“Queremos trazer o diálogo sobre a qualidade de vida nas cidades e promover um estilo de vida ativo. Dar às pessoas a possibilidade de se deslocarem, caminharem e passearem em condições melhores e mais seguras. As escadarias são importantes conexões de mobilidade do pedestre”, contou um dos idealizadores da ONG José Bittar, que é médico de formação.

O primeiro passo foi promover um encontro com os moradores da região, para entender quais eram as demandas prioritárias para o espaço, já que no próprio escadão da Alves existem casas residenciais. Realizado em maio, teve atividades de integração, oficinas, picnic e apresentações musicais. E foi neste clima que foram listados os principais problemas do escadão: a questão da segurança, o acúmulo de lixo e a falta de iluminação.

“O encontro foi aberto a moradores e interessados em geral, que responderam questionários lúdicos que havíamos preparado. Propusemos que eles enxergassem soluções para o lugar, pois quanto mais o ocuparem, mais seguro e limpo ele vai ser”, explicou Bittar que ressaltou que a reunião foi positiva também por ter possibilitado que moradores do local que antes não se conheciam, passassem a se relacionar tendo um objetivo comum de melhorar esse ambiente.

No mês passado, o projeto foi eleito um dos vencedores do Urban Urge Awards, da Columbia University, que lhes rendeu US$1.000 para serem investidos na transformação do espaço. O plano para esta verba é, até o início do próximo ano, melhorar a iluminação, instalando mais lâmpadas, e fazer um mobiliário de pranchas de madeira para as muretas virarem bancos mais apropriados.

Para a arquiteta e urbanista Gabriela Callejas, que fundou a Cidade Ativa juntamente com Bittar, o encontro foi importante para mostrar para os moradores e pessoas que frequentam o bairro que o escadão pode ser utilizado de formas diferentes e para diversos fins. “Limpamos, enfeitamos, levamos comidinhas e bandas. Cada cantinho da escadaria teve uma atividade. Antes, estava tudo cheio de lixo. Pudemos mostrar que com a articulação de todos, o lugar pode se transformar”.

Como o prêmio recebido ainda não foi comemorado, a próxima festa na escadaria já tem data marcada: dia 08 de novembro. “Queremos fazer uma festa para celebrar a primavera e não deixar a peteca cair”, explicou Callejas. É uma oportunidade também, para o grupo coletar mais assinaturas para um abaixo-assinado que será levado à subprefeitura de Pinheiros para que as intervenções sejam autorizadas e para pedir o apoio, tanto para a compra de materiais como lixeiras, quanto para que se comprometam também com a manutenção. (Para assinar o abaixo-assinado, clique aqui).

Este é um projeto-piloto que pode servir como ponto de partida para a renovação de outras escadarias pela cidade. Para isso, a ONG lançou o Olhe o Degrau, um mapeamento coletivo das escadarias da cidade, para que seja possível identifica-las, já que não existe nenhum banco de dados de suas localizações, quantas são e em que condições estão. O projeto é realizado em parceria com o Cidadera –um aplicativo que permite que pessoas apontem problemas encontrados na cidade, para ajudar na divulgação e auxiliar no processo das soluções.

“Essa iniciativa das escadarias não precisa ser isolada, o objetivo é entender a problemática em uma escala maior, mas não existe nenhum mapa que nos mostre onde estão todas essas escadarias”, justificou Callejas.

O projeto pode crescer a longo prazo o que envolveria mudanças mais estruturais na escadaria, como arrumar o pavimento que é irregular, colocar corrimão de apoio, trilhos para bicicletas. “Pensamos em mudanças maiores, mas queremos construir isso em conjunto e com o apoio dos moradores e de quem frequenta o escadão”, completou Bittar.