Papai noel aprende língua de sinais para atender crianças surdas
No papel do papai noel, José Mario Graciano, 69 anos, já contabiliza 13 anos de uma carreira que começou meio por acaso, ao ser abordado na rua por um promotor de eventos, atraído pela barba e cabelos brancos ostentados com orgulho por ele.
Desde então, já são muitos Natais e inúmeras histórias, que ele faz questão de lembrar com ternura. “O Natal é uma época em que todos ficam mais emotivos e é muito gratificante poder conversar com as pessoas, demonstrar amor ao próximo e buscar um mundo mais alegre. Vejo isso como uma missão e pretendo continuar por muito tempo”, conta.
O lado emotivo de José Mario o motivou na busca de um novo conhecimento para atender a perfis diferentes de público. Há três anos, decidiu aprender Libras, a linguagem brasileira de sinais, após um encontro marcante.
“Duas irmãs gêmeas se aproximaram, mas estavam muito tímidas. O pai delas fez um sinal, mostrando que elas eram surdas e aquilo me comoveu. Por instinto, tentei fazer gestos de um abraço e elas retribuíram. Foi muito especial e pensei que poderia fazer algo para receber melhor esse público”, conta.
A partir daí, ele decidiu fazer um curso básico de Libras na AADA (Associação de Apoio ao Deficiente Auditivo), em São José dos Campos, e passou a manter contato com grupos de jovens da Pastoral do Surdo, inscreveu-se no curso de nível intermediário e pesquisa constantemente sobre o tema na internet.
“A iniciativa é muito importante, pois as crianças se sentem valorizadas ao perceber que alguém está interessado em conversar com elas”, diz Jussara Alvarenga, psicopedagoga da AADA, que acompanhou um grupo de 12 pessoas que esteve no Colinas Shopping para interagir com o papai noel no ano passado.
José Mario atende diariamente, das 10h às 16h, no Colinas Shopping. No restante do dia, o Papai Noel Paulo Hubert do Canto, 74, é quem assume a função. No currículo ele também traz simpatia, carinho pelo público infantil e um diferencial: fala inglês.