Para surfar, basta conseguir ficar de pé, diz aposentada

26/10/2014 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:15

Fusae Nishida Uramoto e Reiko Konno estão ansiosas pelo verão, para que possam voltar a pegar onda. As amigas estão acostumadas a ouvir comentários quando estão na praia, mas não são surfistas tradicionais: têm 84 e 85 anos, respectivamente.

crédito: M Coil/Revista Brasileiros
crédito: M Coil/Revista Brasileiros

Elas começaram a frequentar há cerca de dez anos a Escola Pública de Surfe, uma parceria da Prefeitura de Santos, em São Paulo, com o surfista veterano Cisco Araña. “As aulas são gratuitas e para pessoas a partir dos 5 anos, sempre às quartas, quintas e sextas. Temos entre 15 e 20 alunos da terceira idade, que são sempre acompanhados por professores”, explica Marcos da Cruz Ramos, administrador da escola.

Fusae conta que foi uma das pioneiras. “Eu já estava aposentada e caminhava todo dia pela praia. Num dia, vi uma senhora com uma prancha, indo para o mar. Achei curioso e resolvi perguntar o que era. Logo era eu quem estava surfando”, diz, com um sotaque carregado, a japonesa que veio para o Brasil ainda criança.

Antes da decisão, ela passou por um exame médico, e lembra que o doutor ficou surpreso quando ouviu da paciente o pedido para praticar o esporte. “Ele estranhou, mas acabou liberando porque minha saúde é muito boa.”

Ultimamente, ela está afastada do mar, mas diz que é por pouco tempo. “Não tenho ido pegar onda esses dias por causa do frio. Estou com vontade de surfar. A melhor hora é quando você fica em pé na prancha e vai voando com o vento…”

E, se você quer começar a praticar o esporte, ela dá um empurrãozinho: “Surfe é o único esporte que posso fazer. Não precisa fazer nada: se você consegue ficar em pé, já está bom. Para praticar outros esportes, tem que ter energia”.

Reiko (esq.) e Fusae; crédito: www.esportemulher.com.br
Reiko (esq.) e Fusae; crédito: www.esportemulher.com.br

Reiko, que foi levada ao surfe pela amiga, concorda e afirma que o mar cura qualquer tristeza: “Às vezes, entro na água triste, de cabeça baixa. Mas aí começo a surfar e, se tiver que cair, caio, depois subo na prancha de novo e, quando vejo, já estou sorrindo. O mar traz uma força muito grande”.

Veja aqui um ensaio com Fusae feito pela “Revista Brasileiros”.

Por QSocial

*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade