Pesquisa destaca diversificação em serpentes peçonhentas

09/02/2017 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:06

Das 392 espécies de serpentes conhecidas no Brasil, 63 são peçonhentas ou venenosas e se dividem em quatro famílias. A família Viperidae, das chamadas víboras, é representada no país por 30 espécies de jararacas, jararacuçus, urutus e também pela cascavel.

A família Viperidae não é exclusiva da América do Sul. Jararacas e cascavéis estão no grupo de serpentes peçonhentas de maior sucesso evolutivo. São 329 espécies conhecidas espalhadas por quase todos os continentes.

Cientistas publicam a mais extensa filogenia molecular da família que tem representantes como jararacas, urutus e cascavéis, ampliando o conhecimento sobre a origem e diversificação das espécies, entre elas, a Bothrops insularis, a jararaca-ilhoa, da Ilha da Queimada Grande (SP)
Cientistas publicam a mais extensa filogenia molecular da família que tem representantes como jararacas, urutus e cascavéis, ampliando o conhecimento sobre a origem e diversificação das espécies, entre elas, a Bothrops insularis, a jararaca-ilhoa, da Ilha da Queimada Grande (SP)

Acredita-se que o grupo evoluiu na Ásia/África e que posteriormente migrou para as Américas. Quando foi que o grupo surgiu e qual a dinâmica de diversificação que caracterizou a radiação desses organismos são questões que começam a ser elucidadas.

Um extenso estudo molecular que acaba de ser publicado no periódico Molecular Phylogenetics and Evolution estabelece a mais detalhada filogenia da família Viperidae.

Os autores utilizaram registros fósseis em combinação com dados moleculares e modelos estatísticos para estimar as datas de eventos de separação entre as espécies.

A nova análise filogenética foi feita a partir de dados moleculares de 263 espécies, que correspondem a 79% dos membros da família Viperidae. Entraram no levantamento as três subfamílias: Viperinae (71 das 98 espécies viventes), Crotalinae (191 de 232) e Azemiopinae (1 em 2), e todos com exceção de um gênero dessas serpentes.

Foram ainda incluídos dados moleculares de 97 espécies de outras 11 famílias de serpentes. Toda essa montanha de dados foi analisada sob a luz de 11 marcadores genéticos localizados tanto no DNA mitocondrial como no DNA nuclear.

Esses dados (sequências de DNA) encontram-se disponíveis em bancos de dados on-line, como o Genbank (mantido pelo National Center for Biotechnology Information) e o BOLD (mantido pelo International Barcode of Life).

Mais de 90% dos acidentes com serpentes peçonhentas no Brasil acontecem com membros da família Viperidae. O restante dos acidentes ocorre com as diversas espécies da família Elapidae, a das cobras-corais.

Com informações da Agência Fapesp