Professor é o primeiro mestre surdo de universidade federal

16/07/2018 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:23

Hamilton Pereira, de 42 anos, era o primeiro professor surdo concursado na Ufam (Universidade Federal do Amazonas). Agora, o docente se tornou mestre ao ter sua dissertação aprovada no fim de março deste ano.

Professor Hamilton Pereira é o primeiro mestre surdo da Universidade Federal do Amazonas
Professor Hamilton Pereira é o primeiro mestre surdo da Universidade Federal do Amazonas

Pereira coordena o curso de Letras (Libras) da universidade em Manaus, de acordo com informações do jornal “Gazeta do Povo”. Ele foi o primeiro aluno surdo a conquistar o título de mestre no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura da Amazônia (PPGSCA).

Professor Hamilton Pereira é o primeiro mestre surdo da Universidade Federal do Amazonas
Professor Hamilton Pereira é o primeiro mestre surdo da Universidade Federal do Amazonas

Sua dissertação “A Interpretação da Amazônia na Língua Brasileira de Sinais – Libras: um estudo de caso no PPGSCA” desenvolveu cerca de 50 sinais em Libras para explicar a teoria da complexidade de Edgar Morin.

Superação

A deficiência auditiva do professor surgiu após contrair meningite. Ele relembra seus tempos difíceis de escola. “Não havia intérpretes, nada era acessível e eu sequer sabia escrever. Me sentia muito sozinho. Só quando ingressei no supletivo (Ceja), em 1996, consegui progredir, já pensando no ensino superior.”

O vestibular foi outro desafio para ele. “Me inscrevi na prova e chamei um intérprete para me auxiliar, mas o coordenador da faculdade desconhecia a lei 10.436/2002, que me dava direito ao intérprete e não o aceitou. Foi frustrante”, conta. Ele só conseguiu ingressar no curso de pedagogia posteriormente, em 2010, junto com outros 13 surdos.

“Olhando agora, me sinto cada vez mais feliz, pois o mestrado e a educação em geral abriram portas que nunca imaginava –e hoje vários amigos e familiares têm orgulho do que conquistei”, desabafa Pereira. “Infelizmente, a sociedade ainda enxerga o surdo como um ‘coitado’, mas agora, sendo formado e mestre, sinto uma satisfação indescritível.”

Leia a reportagem completa no “Gazeta do Povo