Sensor identifica insetos pela frequência do batimento das asas
Os serviços de vigilância à saúde de países como o Brasil poderão contar em alguns anos com uma tecnologia para identificar focos de mosquitos transmissores de doenças como a dengue, a malária e a febre amarela, de forma mais rápida, barata e precisa.
Pesquisadores do ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação), da USP São Carlos, desenvolveram, em parceria com a University of California Riverside, nos Estados Unidos, da filial norte-americana da empresa brasileira Isca Tecnologias, um sensor capaz de identificar e quantificar automaticamente diferentes espécies de insetos voadores causadores de doenças ou pragas agrícolas.
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O dispositivo a laser se baseia na análise da frequência sonora do batimento de asas de insetos durante o voo para monitorar populações de insetos nocivos à saúde humana ou que causam danos à agricultura e ao meio ambiente de uma forma muito mais rápida, precisa e inteligente.
Os insetos batem as asas em velocidades diferentes, de acordo com seu tamanho e outras características morfológicas, e em frequências sonoras que variam tipicamente entre 100 e 1.500 Hertz.
Resultado de um projeto realizado com apoio da Fapesp (Federação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP), da Fundação Bill & Melinda Gates e da Vodafone Americas Foundation, o sensor foi descrito em um artigo publicado na edição de junho do “Journal of Insect Behavior”.
Como funciona
O sensor é composto por um feixe de laser de baixa potência direcionado para uma matriz com uma série de fototransistores –como uma ponteira a laser apontada para uma parede.
Ao voar entre o feixe de laser e a matriz com fototransistores, as asas de um inseto voador bloqueiam parcialmente e causam pequenas variações na luz.
As oscilações provocadas pelas asas do inseto são capturadas pelofototransistor matriz como sinais similares aos de áudio –como os capturados por um microfone convencional, com a diferença de que não são originários de variação nas ondas sonoras, mas da variação da luz.
Os sinais são filtrados e amplificados por meio de uma placa de circuitos eletrônicos. Com um gravador de som digital conectado à saída da placa é possível registrar os sinais em arquivos de áudio e transferi-los para um computador a fim de analisá-los.