Site de crowdfunding lucra com negócio de ajuda em desastres

26/12/2017 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:17

Nos Estados Unidos, famílias atingidas por desastres naturais costumavam depender da ajuda de organizações sem fins lucrativos e governo. Agora, elas podem criar seus próprios fundos em tempo recorde por meio do financiamento coletivo. E as plataformas de crowdfunding estão sabendo explorar bem esse nicho.

As vítimas de acontecimentos como o furacão Harvey tradicionalmente se baseavam em organizações como a Cruz Vermelha, que trabalham em conjunto com o governo, para obter comida, água e abrigo de emergência. E, na hora de reconstruir suas vidas, buscavam seguros e programas de assistência. O apoio, em outras palavras, é padronizado, e muitas vezes vem atrelado a uma montanha de papéis.

Site de crowdfunding lucra com negócio envolvendo ajuda em desastres
Site de crowdfunding lucra com negócio envolvendo ajuda em desastres

Hoje, as vítimas de desastres possuem uma opção adicional, mais personalizada, disponível para eles: crowdfunding. Nos últimos meses, o GoFundMe, que existe há sete anos e organiza campanhas para tudo, desde aulas de faculdade até contas veterinárias, surgiu como uma organização líder de alívio de desastres –e sem burocracia.

Nos dois meses após o furacão Harvey, o GoFundMe e seu “irmão”, o CrowdRise, conseguiram obter US$ 65 milhões (mais de R$ 215 milhões) para vítimas e instituições de caridade. A Cruz Vermelha, a título de comparação, teve US$ 190 milhões (cerca de R$ 629, 6 milhões) de assistência financeira direta no mesmo período. Outros milhões foram arrecadados por meio de centenas de campanhas do GoFundMe para pessoas afetadas pelo furacão Maria e por outros desastres naturais.

As doações do GoFundMe podem ser vitais para que as famílias voltem a ficar em pé, sem limitações. Mas também foram lucrativas para o GoFundMe: a empresa recebeu US$ 3,5 milhões (aproximadamente R$ 11,6 milhões) apenas em tarifas das campanhas envolvendo o Harvey. Neste ano, o site espera facilmente superar os cerca de US $ 100 milhões (quase R$ 332 milhões) em receita que gerou em 2016.

Furacão Harvey deixa rastro de destruição
Furacão Harvey deixa rastro de destruição

O GoFundMe enfrentou críticas crescentes por seu modelo de negócios. A companhia anunciou recentemente que está derrubando sua taxa obrigatória de 5% para doações a campanhas pessoais em favor de um modelo baseado em “gorjetas”, semelhante ao do site rival de crowdfunding YouCaring. Ao mesmo tempo, o GoFundMe continua a investir em seu negócio dedicado a doações a entidades sem fins lucrativos, onde a taxa obrigatória de 5 % ainda se aplica.

“Storytelling”

Os 40 milhões de doadores do GoFundMe querem ver as famílias contando suas próprias histórias com a assistência e a experiência da empresa. Depois que um organizador cria uma campanha, o GoFundMe fornece conselhos sobre como maximizar as contribuições, por exemplo, compartilhando fotos e atualizações de progresso.

No fim de outubro, lançou uma divisão de filmes interna, GoFundMe Studios, projetada para ampliar ainda mais as campanhas com potencial viral. A empresa também gerencia uma operação de serviço ao cliente e garante que todos os fundos atinjam a causa e o destinatário previstos, reembolsando doações em casos de fraude ou falsas declarações.

“Estamos focados em crescer de forma que ajude os organizadores de campanha a ganhar o máximo de dinheiro possível”, diz Rob Solomon, CEO do GoFundMe. “Isso é o que eles querem: o maior rendimento. Para fazer isso, você precisa ter a mentalidade do Vale do Silício: as melhores pessoas, a melhor tecnologia, o melhor processo.”

Se o YouCaring está beliscando os calcanhares do GoFundMe, o Facebook é o gigante lançando uma sombra. A rede social introduziu ferramentas de angariação de fundos pessoais no último mês de março, um complemento para os recursos de angariação de fundos lançados em 2015. Essa é apenas uma das novidades da rede social voltadas para a ajuda em desastres.

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