Site materializa fantasia de um mundo sem preconceitos

“Quem aqui possui os pais perfeitos?”, perguntou a artista plástica Carla Douglas, 31 anos, aos alunos da EMEI Benedito Venâncio, em Barueri (SP). João, 5 anos, que há três meses estava em silêncio depois de ter sido retirado de sua casa pela assistente social, em função da dificuldade financeira que seus pais atravessavam, viu que todos os colegas levantaram a mão. Levantou também.

Mas Carla respondeu: “Ninguém tem uma família perfeita. O que é perfeito para um não é perfeito para o outro”. E foi assim, depois de entender que perfeito não existe, que João continuou a atividade conversando com amigos e até sorrindo. E Carla começou a desenhar um método de linguagem para conversar sobre imperfeição, respeito e empatia, através de arte.

No mundo de Carlotas, todos são imperfeitos: as pessoas têm um olho maior do que o outro, as mesas têm três pernas, as vacas são amarelas. Com desenhos inusitados e muito humor, desde 2011 Carla utiliza a arte para lidar com as diferenças. De uma forma lúdica, discute a imperfeição em abrigos, escolas e ONGs.

FINANCIAMENTO COLETIVO

E a ferramenta deu tão certo que ela quer ir mais longe: criar uma plataforma digital interativa para educadores replicarem essa metodologia. “Quero que as crianças e os adolescentes se transformem em adultos livres de censuras e dos limites impostos por uma sociedade que é focada no perfeito”, diz. “Ao usar imagens imperfeitas para desconstruir essa idealização, é possível abrir espaço para que os alunos sejam pessoas mais cooperativas e capazes de aceitar o outro.”

Carlotas terá conteúdos direcionados para o público de 6 a 18 anos. Em uma área exclusiva, educadores terão acesso a vídeos explicativos e materiais para download acompanhados de roteiro com os objetivos da proposta, desenvolvimento e idade recomendada.

“O portal será uma plataforma inovadora que visa não somente expandir o alcance do mundo de Carlotas e a importante discussão por trás da utopia da perfeição como também propor o fortalecimento do vínculo entre pais, educadores e jovens, uma relação que precisa ser de troca constante”, afirma.

Assista ao vídeo do Explore Carlotas: 

Para viabilizar o site –um projeto em parceria com Fabiana Gutierrez, Joice Risnic e Júlia Kahn–, o projeto Carlotas recorreu ao financiamento coletivo. A campanha de arrecadação do site Partio está dividida em três fases: na primeira, o projeto tem até o dia 3 de outubro para arrecadar R$ 22 mil para desenvolver o portal e disponibilizar as atividades, oferecer fóruns de interatividade. E já arrecadou R$ 16.985.

Os apoiadores podem contribuir com valores a partir de R$ 25. Cada doação terá uma contrapartida: toy art pintados à mão, cadernos, telas exclusivas, arte personalizada e pinturas em latas de spray.

Por QSocial