Tecnologia combina face e íris para fazer reconhecimento biométrico

Os processos de autenticação por biometria podem ser muito mais seguros do que são hoje. Uma startup de Campinas, no interior de São Paulo, desenvolveu uma tecnologia de reconhecimento multibiométrico combinando face e íris que promete oferecer maior confiabilidade na identificação de usuários do que os sistemas existentes hoje, baseados no reconhecimento biométrico de impressões digitais, das veias da mãos ou só da face ou da íris isoladamente.

Desenvolvida com apoio do programa Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), da Fapesp, a tecnologia já despertou o interesse de empresas dos setores bancário e de eletrônicos.

Sistema de reconhecimento biométrico combina face e íris (Foto: Leszeck Leszczynski/Flickr/Creative Commons)

Os sistemas de biometria de face estão sendo usados hoje principalmente por redes sociais, como o Facebook, para identificar o usuário em fotos postadas na rede, e por fabricantes de smartphones para permitir o desbloqueio dos aparelhos por meio do reconhecimento do rosto do proprietário através da câmera fotográfica instalada no próprio equipamento, em vez do uso de senha cadastrada.

Uma das limitações desses sistemas, contudo, é que eles podem ser burlados, dependendo do nível de sofisticação de seus algoritmos (comandos).

A fim de aumentar a segurança desses sistemas de biometria por face e dificultar fraudes, começou-se a discutir nos últimos anos a possibilidade de combiná-la à biometria por íris. O problema, entretanto, é que a biometria por íris requer um hardware e leitor específico e isso encarece muito um sistema multibiométrico.

A solução encontrada pelos pesquisadores da Veridis Biometrics foi combinar as biometrias de face e de íris em um único hardware, capaz de fazer reconhecimento de face com precisão maior que os sistemas disponíveis no mercado, e de íris com qualidade um pouco menor do que o de face, usando uma única câmera. 

Funcionamento

O sistema é composto por uma câmera que faz a captura de biometrias da face da íris em uma faixa próxima à do infravermelho – entre 700 e 900 nanômetros –, com zoom automático, além de um software com algoritmos de reconhecimento e fusão de resultados, e uma placa-mãe que executa o software e armazena dados da face e da íris de usuários cadastrados.

Ao ser ativado, o sistema ajusta a posição, zoom e o foco da câmera para localizar a face de um usuário que está solicitando acesso a um sistema.

Após obter uma foto da face, o sistema faz novos ajustes na câmera para obter imagens das duas íris do usuário.

As imagens da face e dos olhos são processadas pelos algoritmos de reconhecimento do software, que extraem um conjunto de pontos de interesse das fotos e geram uma biometria tanto da face como da íris.

As biometrias são comparadas pelo software com as informações biométricas da face e da íris do usuário armazenadas no banco de dados do sistema.

Se forem compatíveis com as biometrias do usuário cadastradas no banco de dados o acesso ao sistema é liberado. Caso contrário é negado.

Por Elton Alisson, da Agência Fapesp