Tecnologia devolve movimentos a pessoas com doença de Parkinson

Óculos de realidade virtual GaitAid

Segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo depois do Alzheimer, o Parkinson afeta mais de 1% da população mundial e 3,3 em cada 100 pessoas no Brasil. Enquanto os cientistas não descobrem como curá-la, novas tecnologias ajudam pacientes a ter melhor qualidade de vida.

Tanto o óculo de realidade virtual GaitAid, desenvolvido pela empresa israelense Medigait, quanto a bengala LaserCane, da americana InStep, vem apresentando bons resultados, avalia Carolina Souza, fisioterapeuta do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

“A melhora foi mensurada através da diminuição dos episódios de queda e freezing [congelamento] da caminhada, sintoma comum em fases avançadas da doença”, explica. “Depois de duas semanas de uso dos óculos, voltei a andar melhor”, conta o advogado Jayme Cavalcanti, que convive com a doença há 20 anos.

Os óculos ajudam o paciente a andar e estabilizar o movimento. Basicamente, simulam um caminho virtual, que coordena e ritma a passada, desencadeando uma resposta neurológica. Segundo especialistas, a terapia feita com o dispositivo pode reestruturar o cérebro para contornar áreas danificadas pelo Parkinson.

Bengala LaserCane

Já a bengala permite, através de uma linha vermelha projetada no chão, que o paciente dê passos mais longos. “A pista visual incentiva a interromper os episódios de congelamento, aumentando, assim, o comprimento das passadas”, afirma a fisioterapeuta.

Importados pela Delta Medical, ambos os equipamentos podem ser alugados para testes de adaptação. Os óculos custam R$ 750 mensais, e a bengala, R$ 200. Se o paciente depois optar pela compra, o valor pago é abatido do valor final, que é de R$ 15 mil e R$ 1.790, respectivamente.

Atualmente, os óculos são disponibilizados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP exclusivamente para pacientes que estão participando das pesquisas desenvolvidas no serviço de neurocirurgia funcional. Algumas clínicas também já estão utilizando os equipamentos na fisioterapia de seus pacientes.

“Com o aumento da expectativa de vida e a redução das taxas de natalidade em nosso país nas últimas décadas, uma consequência natural desse processo é o aumento da prevalência de doenças crônico-degenerativas, como a doença de Parkinson, durante o envelhecimento”, ressalta Carolina.

“Nos Estados Unidos, por exemplo, há incidência anual de 16 a 19 pessoas [novos diagnósticos] a cada 100 pessoas, afetando indivíduos acima dos 50 anos e aumentando com a idade. As taxas parecem também ser, em âmbito mundial, mais altas em homens do que em mulheres.”

Hoje, 11 de Abril, é o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson.

Por QSocial