Itaú Cultural apresenta a mostra Primeiro Cinema, com 12 curtas e longas-metragens

Por Redação
17/11/2010 15:17 / Atualizado em 05/05/2020 16:14

De 18 a 21 de novembro, o Itaú Cultural apresenta de graça a mostra Primeiro Cinema, com uma seleção de 12 curtas e longas-metragens, realizados nos últimos 15 anos por artistas com trajetória consagrada no contexto da arte contemporânea.

Aparecem filmes dos artistas Cao Guimarães, Rivane Neuenschwander, Miranda July, Michael Snow, Isaac Julien, Douglas Gordon e Philippe Parreno. Confira abaixo a programação completa:

Dia 18

20h

“O Inquilino”, Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander, 2010, Brasil, 10min36

O filme descreve a trajetória de uma bolha de sabão que examina as salas vazias de uma casa em reforma. Em suspensão permanente, sem nunca estourar, a bolha flutua de uma sala a outra, investigando cantos vazios e paredes destruídas.Todas as janelas estão fechadas, na há saída.

A trilha sonora, composta pelo duo O Grivo, traz sons de casa vazia, presença humana e sintetizadores, imprimindo um aspecto psicológico a narrativa.

“Beam Drop Inhotim” (2008), Pablo Lobato, Brasil, 2009, 5min37

O vídeo documenta a performance realizada pelo artista Chris Burden em Inhotim, que resultou na obra Beam Drop Inhotim (2008), que é uma escultura em grande formato, localizada no alto de uma montanha, feita de 71 vigas de construção jogadas por um guindaste de uma altura de 45 metros, dentro de uma vala cheia de cimento fresco, durante um período de 12 horas.

O padrão aleatório das vigas caídas formou a obra, numa interpretação da gestualidade do expressionismo abstrato, ao mesmo tempo propondo uma desconstrução da escultura moderna. Esta peça é a recriação, em formato maior, de um trabalho originalmente instalado em 1984, no Art Park, no Estado de Nova York, e destruído em 1987.

Para a realização do vídeo foram utilizadas três câmeras, sendo que uma delas, em alguns momentos, ficou instalada no guindaste usado para içar as vigas. O caráter sonoro da performance conduziu de modo especial a captação do áudio para que este pudesse ser devidamente incorporado ao vídeo.

Debate com Pablo Lobato e Pedro França

Dia 19

20h

“Double Take”, Johan Grimonprez, 2009, Alemanha/Bélgica, 80 min.

Se você encontrar o seu duplo, deve matá-lo! Diz Hitchcock. Esse é o ponto de partida do diretor Johan Grimonprez (DIAL H.IS.T.O.R.Y) em seu novo filme, que apresenta Alfred Hitchcock como um professor  de história paranóico. Com roteiro baseado numa história de Tom McCarthy, Grimonprez cria uma narrativa que atravessa todos os gêneros.

“Double Take” usa imagens dos programas de televisão que Alfred Hitchcock apresentou nos anos 60, trechos de seus filmes da época (“Os Pássaros”, “Topázio”, “Intriga Internacional” e “Psicose”) e trechos de noticiários que relatam a escalada da Guerra Fria para montar um comentário sobre o uso do medo pelos governos como ferramenta de manipulação das populações. O filme usa imagens do início da TV até chegar a quase neurose contemporânea do zapping.

Produzido por EmmyOost, da ZAP-O-MATIK Produções, a  montagem é assinada por Tyler Hubby e Dieter Diependa, a música é de Christian Halten e o elenco conta com Delfine Bafort, Mark Perry, Ron Burrage.

Dia 20

16h

“A Alma do Osso”, Cao Guimarães, 2004, Brasil, 74 min

O filme revela, pouco a pouco, a existência aparentemente isolada de Dominguinhos, 72 anos, um ermitão que vive numa caverna encravada numa montanha de pedra.

O filme constrói-se com longos silêncios onde o ermitão executa as tarefas do dia a dia, como cozinhar e limpar, e com imagens que vão para além do seu território. Ao final descobrimos que na vida do ermitão o silêncio é o lugar comum, o estado normal em que o tempo passa. A fala é o estado de exceção.

18h

“Atlanta”, Miranda July, 1996, EUA, 10 min

Uma nadadora olímpica de 12 anos de idade e sua mãe (ambas interpretadas por July) falam ao público sobre “perseguir um sonho”.

“The Amateurist”, Miranda July, 1998, EUA, 14 min

Um vídeo curto e cativante sobre vigilância, identidade, observar e ser observado, “The Amateurist” incorpora terror e sátira a fim de criar um retrato perturbador de uma mulher à beira da loucura emergente do mundo tecnológico
Melhor Filme Experimental no Festival de Cinema de Rotterdam de 1999 e Prêmio “No Budget” de 1999, New York Expo de 1999, Prêmio Silver de Filme Experimental, Prêmio San Francisco Golden Gate, Silver Spire de 2000

“Nest of Tens“, Miranda July , 1999, EUA27 min

O filme compõe-se de quatro histórias alternadas que revelam métodos de controle pessoais mundanos. Esses sistemas originam-se de fontes intuitivas. As crianças e um adulto com problema mental operam painéis de controle feitos de papel, listas, monstros e de seus próprios corpos. Premiado no Thaw Festival, na Cidade de Iowa, em 2001.

“Getting Stronger Every Day”, Miranda July, 2001, EUA, 6 min30

O curta-metragem trata da experiência de se perder e depois ser encontrado a cada momento durante a vida em pinturas comoventes mundanas nas quais a esfera espiritual se manifesta por meio de efeitos de baixa tecnologia e filmes televisivos recordados.

20h

“Derek”, Isaac Julien, 2008, Reino Unido, 76min

Uma colaboração exclusiva entre o artista britânico Isaac Julien e a narradora do filme, Tilda Swinton, na qual a vida, a visão e o legado de Derek Jarman são afetuosamente recordados e celebrados.

Combina-se a filmagem de uma entrevista reveladora, franca e carismática a uma colagem de movimento de filmagens caseiras, trechos de filmes, promoções famosas, uma rara filmagem em set e uma filmagem abordando questões recorrentes dos anos 60 aos 80.

Por meio desses três elementos, conhecemos o renascentista Derek; artista, pintor, escritor, ativista engajado, jardineiro e, principalmente, produtor de filmes. Ele trabalhou com músicos e artistas importantes da época como The Smiths e o dançarino Michael Clarke, a banda punk Throbbing Gristle e os The Pet Shop Boys. Morreu em 1986 com AIDS.

Dia 21

16h

“Zidane – Um Retrato Do Século XXI”, Douglas Gordon, Philippe Parreno, França, Islândia| 2006, documentário, 91min

Mistura de um documentário esportivo com obra de arte conceitual, o filme consiste em uma partida de futebol – entre Real Madrid e Villareal, realizada em 23 de abril de 2005 – filmada inteiramente sob a perspectiva do super astro do futebol, Zinedine Zidane.

18h

“*Corpus Callosum“, Michael Snow, 2002, Canadá, 91 min

O corpus callosum [corpo caloso] é uma região central de tecido no cérebro humano que passa ‘mensagens’ entre os dois hemisférios.  O filme de Michael Snow, *Corpus Callosum, é uma tragicomédia das variáveis cinemáticas.  Primeiro a câmera, e depois a platéia, observa as observações das pessoas ‘reais’ retratadas em situações obviamente encenadas.

O que se vê e o que eles ‘veem’ está envolvido em modos cambiantes de crença.  Parece haver (embora não haja narrativa) um Herói e uma Heroína. Entretanto, de uma cena para outra eles são pessoas diferentes fantasiadas de forma idêntica ou alteradas eletronicamente.

O som — eletrônico como a imagem — é também uma metamorfose contínua e, sendo o ‘sistema nervoso’ do filme, é tão importante para o filme como a imagem. “*Corpus Callosum” é decididamente ‘artificial’. Ele não apenas quer convencer, mas também quer ser percebido como um fenômeno pictórico e musical.