Galeria Vermelho expõe mostras individuais

A Galeria Vermelho inaugura, dia 10 de agosto, as exposições individuais “FF” de Matheus Rocha Pitta, “Acaso por intenção” de André Komatsu, “Cerâmica 6 Ltda” de Hector Zamorra e “Etiqueta” de João Loureiro. Com entrada Catraca Livre, as mostras ficam em cartaz na Vermelho de 11 de agosto a 4 de setembro.

Simultaneamente a abertura das exposições, serão lançados no Tijuana os livros: “Hora de Ir” de João Anzanello Carrascoza, “Akademia Cartonera” um Abc de las editoriales cartoneras em América Latina e “As Façanhas de um Jovem Don Juan”  de Amir Brito.

FF

Na individual Fundo Falso – FF, Matheus Rocha Pitta apresenta uma série de novos trabalhos, resultado da relação entre arte, valor e crime.

O artista tomou o dinheiro – a mercadoria por excelência – como objeto de apreensão. A escultura Oratório recebe o espectador no hall de entrada como uma miniatura ou prefácio da exposição. Um gabinete de televisão é transformado numa espécie de mini caverna, em cujas paredes de cimento foram colados recortes de jornal mostrando dinheiro ilegal apreendido (por exemplo, os reais e dólares apreendidos no escândalo do mensalão).

Na série de fotografias Canais (2010), Rocha Pitta apresenta seis diferentes imagens de um mesmo aparelho de TV que foi recheado de dinheiro. A fotografia entra aqui como instrumento descritivo, “revelando” cada um dos seis fundos falsos “esculpidos” no monitor.  Os Canais materializam numa mesma imagem uma relação entre a circulação de imagens na mídia e uma subcirculação de bens proibidos.

O vídeo instalação Fundos Reais (2008-2009) toma o desenho das sete notas de real como objeto de análise. Sete monitores decompõem e exibem cada um 100 imagens de detalhes das notas, os mesmos cuja soma determinam o valor ou autenticidade do dinheiro. Essa coleção de imagens quase abstratas tem uma semelhança a outras coisas e evocam sentidos para além do dinheiro. Um referencial vago, análogo ao capitalismo, onde todos os objetos têm uma equivalência com o dinheiro.

FF é um fundo falso criado na própria galeria. A parede dos fundos foi duplicada, criando um corredor.  Pilhas de dinheiro empacotados formam degraus de uma escada.  Uma vez no topo, o espectador vê uma fonte, onde pode jogar uma moeda e fazer um desejo.  O objetivo dos fundos falsos é fazer passar algo disfarçado, sem ser visto. Na instalação de Rocha Pitta, o espectador é convidado a atribuir um valor ao dinheiro através do gesto de jogar a moeda, porém esse valor é único e pessoal, uma vez que a pequena moeda é trocada por um desejo, que por sua vez não pode ser trocado por nada.

Acaso por intenção

André Komatsu apresenta um conjunto de obras que remetem a representação de processos construtivos utilizando-se de elementos inter-relacionados e destabilizadores de padrões.

São estruturas ambíguas criadas para suportar a discussão de sistemas contraditórios que evidenciam as falhas. A desorganização dos padrões reconhecíveis mostra a transformação destes novos sistemas numa espécie de auto-sabotagem criadora.

Cerâmica 6 ltda

O trabalho de Hector que será apresentado faz parte de uma pesquisa que o artista vem realizando com diferentes tipos de cerâmicas ao redor do mundo (a série potencialidades Brasil/Colômbia, 2009 e Swisse Modul Tropikalisiert, Basiléia, Suíça, 2010).

Em H20 a técnica empregada para esculpir é inspirada na que os pedreiros usam para adaptar o tijolo ao projeto ou aos arremates improvisados nas obras. Tijolos, blocos, telhas, materiais básicos feitos de terra são utilizados tanto nas construções de favelas até em imóveis de alto padrão. Hector explora as possibilidades analíticas esculpindo e gerando novas formas com os elementos cerâmicos. Paralelo a isso o artista também foca numa outra linha de pesquisa que se baseia em utilizar os elementos cerâmicos sem alterações, aproveitando à geométrica e as variações de cada fabricante, explorando a flexibilidade e permitindo configurar composições lúdicas, como acontece na série circunferência (Brasil, 2009), usando de telhas e agora em U, com canaletas cerâmicas de diferentes larguras.

Fachada

Depois da última exposição de João Loureiro na Vermelho em 2009, o artista volta nessa exposição encarregado da fachada da galeria.

Intitulada “Etiqueta”, a obra sugere uma “classificação” da galeria através da forma de uma etiqueta de vinil adesivo colada à sua fachada. Todavia essa etiqueta não dispõe de conteúdo, vazia, ela não é capaz de atribuir característica ao seu suporte, ficando reduzida apenas a uma intenção.

A forma é figurativa e reconhecível, mas associada ao esvaziamento funcional lança uma possibilidade de enxergar o desenho como sendo uma abstração, meramente uma composição geométrica.

Esse trabalho de João retoma a ideia da relação entre forma e função. Além da fachada o artista vai compor a parede do Tijuana.

Por Redação