Antídoto leva ao Itaú Cultural teatro de Moçambique e do Brasil

A atriz moçambicana Lucrecia Paco vem ao país especialmente para apresentar A Mulher Asfalto na programação da quarta edição do Antídoto, que também conta com Mercadorias&Futuro, do pernambucano Lirinha

Até domingo, 21, o palco do Itaú Cultural será tomado pelo teatro com uma peça brasileira e outra moçambicana. Mercadorias&Futuro, do músico da banda Cordel Encantado, compositor, poeta e escritor pernambucano Lirinha,  e  A Mulher Asfalto, com texto de Alain-Kamal Martial, música de seu Cheny Wa Gune e a atriz Lucrecia Paco, todos de Moçambique, inserem-se na programação do Antídoto – Seminário Internacional de Ações Culturais em Zonas de Conflito, que o instituto realiza em parceria com o Grupo Cultural AfroReggae até dia 28. Todas as noites, a poeta Micheliny Verunschk abre a sessão teatral com o texto África e Sertão: À Maneira de um Manifesto, escrito por ela especialmente para este evento.

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Mercadorias&Futuro com Lirinha

Na quarta-feira e quinta-feira, dias 17 e 18, José Paes de Lira, o Lirinha, se apresentou como o vendedor de livros Lirovsky no frenético monólogo Mercadorias&Futuro, de sua autoria. O espetáculo, uma performance com texto, som, luz e improviso, é um projeto paralelo e experimental do músico dentro de outra linguagem e está em turnê pelo Brasil.

A moçambicana Lucrecia Paco, toma a cena nos demais dias – sexta-feira a domingo, 19 a 21 – com a peça A Mulher Asfalto. Com texto de Alain-Kamal Martial, e música de Cheny Wa Gune, seus conterrâneos, a peça faz parte de uma série de epílogos, criada por eles, que dá palavra aos excluídos. Neste caso, a prostituta rompe o silêncio, e se apropria da linguagem das ruas de Moçambique. “Fala de sua carne comercializada e vendida em situação de sobrevivência”, diz Lucrecia.

Na definição da atriz, A Mulher Asfalto representa a palavra da prostituta denunciando os milhares de gritos que se escondem nas mulheres, sujeitas aos maus tratos inerentes a uma relação de domínio do homem.

Lucrecia é também diretora e co-fundadora, em 1986, do grupo Mutumbela Gogo, o primeiro grupo profissional de teatro de Moçambique, com sede no Teatro Avenida, em Maputo, capital do país. Dois anos antes, estreou como atriz no filme Maputo Mulher. Ainda na década de 80 protagonizou ao lado de seu conterrâneo Gilberto Mendes, o primeiro longametragem completamente nacional, O Vento Sopra do Norte, dirigido por José Cardoso.

Como cenógrafa adaptou e encenou os romances Niketche, de Paulina Chiziane, e O Último Vôo do Flamingo, de Mia Couto. Co-dirigiu O Vôo da Águia, com Davide Abílio e Pérol Jaime. Traduziu dirigiu e interpretou Mulher Asfalto, peça de teatro que agora será apresentada no Itaú Cultural.

Fora de Moçambique, se destacou em Suger Wife no papel de Zara Wourth, interpretada em alemão, com o Theater Tri-Büene de Stuttgard, Alemanha. Na França, também no idioma do pais, se apresentou com a leitura de Epilogue d’une Trottoir no festival d’Avignon IN 2007 e L’epilogue du Ventre criado na Bonlieu Scene national D’Annecy-França, em 2006 . Na Suécia integrou o elenco dirigido por Eva Bergman em  Beratelsser -Stories Told on the Shore of Time e em Irmãos de sangue, com  Backa Theater. Na Áustria fez Buterflay Blues em Shaushpielhause.