Ativista cultural, pela moda e para a moda

Fernando Zelman é coordenador da Galeria Central e idealizador do Circuito de Moda e Arte, que chega a sua 5ª edição

Por: Catraca Livre
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Fernando Zelman criou a Mostra de Cinema de Moda em 2006

O Centro de São Paulo, outrora reduto de pujante cultura e local de residência da elite intelectual da capital paulista, hoje apega-se novamente à cultura, importante instrumento de mobilização social, para transformar a realidade do atual panorama desta região.

Fernando Zelman, coordenador da Galeria Central e idealizador do Circuito de Moda e Arte, que chega a sua quinta edição, é paulistano do Parque Dom Pedro II. Também viveu na Vila Maria, mas voltou e hoje reside novamente no Centro. É produtor cultural, designer e artista plástico, a despeito da ausência de formação acadêmica.

“Nunca fui um bom aluno”, assume. Ruim de caderno, mas bom de perna. Aos 14, começou a trabalhar como ofice boy de um ateliê de decoração. Três anos depois, começou a atuar com o parceiro de empreitadas culturais –  tanto na Galeria Cental quanto no Circuito de Moda e Arte –  Danilo Blanco, com profissionalização de jovens de abrigos, em iminente situação de rua, por meio do artesanato e do design.

Situado na Santa Cecília, bairro que hoje convive com as mazelas do abandono social – potencializado pela chaga do crack -, a Oficina Central teve relevante atuação socioeducativa com a população local. Tranformada em Galeria Central, continuou atuando com a arte urbana e exemplo maior de realização se deu em 2006 quando a mostra “Pixo Logo Existo”, organizado por Zelman e Blanco, ocupou as paredes da Pinacoteca do Estado.

A hora e a vez da Moda

A idealização da “Mostra de Cinema de Moda” se deu no contexto da criação do 1º Circuito de Moda e Arte, em 2010, quando também foi realizada a exposição “Roupa de domingo”. Para o produtor cultural, “o cinema é uma vertente forte, exerce grande influênicia, ditando modas”. A abordagem da temática da moda pela Sétima Arte ganha importância, então. “Como levar a moda às pessoas? O Cinema é um importante caminho”, assegura.

Com duas edições anuais, o Circuito de Moda e Arte chega a 5ª edição, com apoio do São Paulo Fashion Week e da Aliança Francesa – parceira da Galeria Central. Para seu idealizador, o objetivo é “buscar uma democratização e uma descentralização, organizar os espaços e os pensadores para apresentar ao público a moda e, com isso, alinhar os profissionais SPFW com os especatadores”.

“Durante o SPFW,  o público é bombardeado com a moda, mas e os porquês? Os editoriais só falam em celebridade, brindes e festa, mas e a roupa? Não se fala da roupa”. Para ele, as vestes “são registros da sociedade e refletem o fator econômico, cultural e ambiental de cada nação”.

Ação institucional, sem fins lucrativos

Frisando que o “Circuito de Moda e Arte” é uma ação institucional, sem fins lucrativos, Zelman relambra a vez em que moradores de albergues se misturaram a estrelas globais durante uma sessão da “Mostra de Cinema de Moda”. “Ele estava esperando abrir o albergue. Entrou, ficou, assistiu e ainda participou do debate”, conta o ativista cultural.

Para esta edição, Zelman destaca as atividades do Museu do Futebol, que traz debates sobre a relação das camisas de times de várzea e a moda, e a palestra “A moda no Brasil durante a Semana de 22”, na Pinacoteca do Estado.