Aventura na África: uma noite inesperada na Etiópia
Na África, apesar de toda exuberância, o que conta não é uma paisagem paradisíaca, mas a de vida
Textos e fotos por Zizo Asnis*
De avião teria sido muito, muito mais rápido. De micro-ônibus turístico teria sido muito, muito mais confortável. Mas por um misto de economia, aventura e sadomasoquismo viajante optei pelo ônibus –o ônibus comum, tal como fazem os africanos. E como fazem os viajantes, que querem verdadeiramente conhecer um território.
E assim estava eu naquele velho veículo verde, saindo de Addis Ababa, capital da Etiópia, rumo à fronteira do Quênia.
O conforto do ônibus acabou ficando em segundo plano. Na verdade, ficou em plano nenhum. Quem se importa com assentos reclináveis e fofinhos quando se tem uma esplêndida paisagem africana para entreter?
Mas na África, apesar de toda exuberância, o que conta não é uma paisagem paradisíaca, mas uma paisagem de vida, de africanos no seu cotidiano, de gente batalhando, vivendo e sobrevivendo. E isso se pode testemunhar à beira das estradas, observando os pequenos vilarejos…
Os mercados…
A própria estrada…
Onde as crianças chamam a atenção.
Crianças cuidando de uma boiada…
Vendendo frutas para os passageiros dos ônibus…
Ou apenas achando engraçado um estranho viajante forasteiro.
Mas logo minha atenção se voltou para dentro do ônibus
Para um passageiro exatamente.
Ele??
Não, não ele. (Embora muito simpático!)
Mas para um outro, atrás dele.
Simba. Bonachão, sorridente, fluente no inglês.
Logo mudou-se de lugar e sentou-se próximo a mim, ao lado de Malika.
Malika é uma simpática engenheira civil que, à trabalho, ia para o sul da Etiópia.
Ficamos os três muito amigos. Simba, bem-humorado, convidou Malika para ser sua segunda esposa, o que era aceitável em sua tribo, Konso (seu pai, revelou, tinha três esposas). Rimos muito da proposta, inclusive de Simba, dizendo que iria apanhar de sua única esposa, que vive na capital, se Malika tivesse aceitado.
Depois ele fez um convite a mim: porque não descer em Konso, conhecer sua tribo e passar à noite por lá? Agradeci e, inicialmente recusei.
Escurecia. Simba insistiu mais uma vez. Malika deu força para que eu aceitasse a proposta. Eu não tinha planos para a noite, e pensei: por que não?
E assim, com aquele ilustre e anônimo etíope, que eu conhecera poucas horas antes, parti para passar a noite num remoto vilarejo de uma tribo africana. Não tinha a menor ideia do que iria encontrar.
Acompanhe a continuação dessa história no site do O Viajante.
* Zizo Asnis é travel-writer e editor-chefe dos Guias O Viajante e do site www.oviajante.com. Acompanhe suas viagens pelo Facebook e Instagram.