Balanço de 2010 e programação especial 2011

Representantes do CCSP, Matilha Cultural e Itaú Cultural comentam 2010 e adiantam com exclusividade o melhor da programação de 2011

Por: Catraca Livre
Exposição "Andy Warhol, Mr. America" ficou em cartaz no primeiro semestre de 2010 na Estação Pinacoteca

Para quem gosta de programação cultural de qualidade e acessível, 2010 certamente colaborou. Além dos eventos que já fazem parte do calendário oficial da cidade de São Paulo como a Virada Cultural, Outubro Independente, a Mostra Internacional de Cinema e a polêmica Bienal, o ano trouxe boas surpresas.

Ampliada para a região da Nova Luz, a sexta edição da Virada reuniu no mês de maio aproximadamente 4 milhões de pessoas. Um dos destaques ficou para o show de abertura com os cubanos Barbarito Torres e Ignácio Mazacote, do Buena Vista Social Club. Na programação do Outubro Independente, o Centro Cultural da Juventude (CCJ) recebeu o maior nome do sound system, Jah Shaka. Já a Mostra de Cinema fez a memorável exibição na parte externa do Auditório do Ibirapuera da versão orginal de “Metropolis”, de Fritz Lang, acompanhada pela Jazz Sinfônica.

Além disso, tivemos atrações como Norah Jones, Andy Warhol na Estação Pinacoteca, Dinossauro Jr., Céu, Egberto Gismonti, Satyrianas, Ocupação Chico Science no Itaú Cultural, réplicas de obras do Masp espalhadas pelas ruas da cidade e ainda a inauguração do Sesc Belenzinho. A lista é grande, e para não deixar nada de fora, registre nos comentários abaixo o seu evento Catraca Livre do ano.

E para fechar este ciclo e pensar a programação cultural da cidade em 2011, entrevistamos três centros culturais parceiros do Catraca Livre para contarem um pouco sobre o ano que acaba e o que vem pela frente, confira:

Centro Cultural São Paulo

Entrevistada: Thais Corrêa Caniati, assistente do diretor do CCSP, Ricardo Resende.

Catraca Livre: Como foi o ano de 2010 para o Centro Cultural São Paulo e quais são as metas previstas para 2011?

T. C : O Centro Cultural São Paulo, que recebeu cerca de 880 mil visitantes em 2010, dará continuidade às ações que possibilitem o aumento da inclusão de pessoas com deficiência em todos os seus espaços por meio do programa Livre Acesso. Esta ação consiste em dotar a instituição com infra-estrutura capaz de promover o livre acesso à programação e às bibliotecas.

Assim, promover a integração das linguagens artísticas e ressaltar a interface entre cultura e educação vão consolidar mudanças significativas no CCSP, sobretudo no que diz respeito à formação de público. Em função deste propósito, o Centro Cultural vai potencializar a integração entre a Divisão de Curadoria e a Divisão de Ação Educativa e, em 2011, a curadoria  vai contar com novos integrantes: Claudio Daniel (literatura), Letícia de Cássia Cacciolito (dança) e Maria Tendlau (teatro adulto).

Matilha Cultural

Entrevistada: Nina Liesenberg, produtora.

Catraca Livre: Como foi este ano pra Matilha, quais foram as novidades na programação e principais conquistas.

N. L : O ano foi muito positivo para Matilha, que trabalhou diversas frentes e repercutiu bastante na imprensa, ficando bastante conhecida pela cidade. Na programação, a Matilha abriu espaço para a cena independente nas artes, cinema e musica. A principal novidade foi a primeira edição do projeto PraCachorro, usando o entretenimento para falar do problema do abandono de cachorros, levantando a bandeira da adoção. A partir deste projeto, a Matilha passou a realizar feiras semanais de adoção, contribuindo para que cerca de 70 cachorros encontrassem um lar.

Catraca Livre: Quais são os projetos e novidades para 2011 (o que pretendem fazer de exposições e ações diversas).

N. L : Continuaremos sendo uma janela para a cena independente. Um dos principais objetivos é preencher a programação de cinema, para que a Matilha seja referência de acesso à produção independente. Continuar desenvolvendo e recebendo projetos com cunho sócio ambiental, pois Matilha acredita que arte não é mera contemplação, mas caminho para mudanças necessárias da sociedade.

Catraca Livre: Sobre o Setembro Verde, ele cresceu bastante este ano, ano que vem continua?!

N. L : Cresceu bastante, sendo constituido por mais de 50 eventos e diversos parceiros, pela primeira vez, descentralizado, ou seja, acontencendo por diversos espaços da cidade, não apenas na matilha. Em 2011, com certeza acontecera a terceira edição deste projeto, linha de frente da luta ecologica encabeçada pela Matilha.

Itaú Cultural

Entrevistada: Ana de Fátima, gerente de comunicação.

Catraca Livre: Como foi o ano de 2010, quais foram as mudanças na programação?

A.F : 2010 foi um ano muito positivo para o Itaú Cultural. Como já é tradição, lançamos novos editais do programa Rumos: desta vez em Música, Literatura e Pesquisa Acadêmica , mas também inovamos a lançar o edital de teatro, pela primeira vez. Realizamos a difusão dos trabalhos selecionados na edição passada do Rumos em Cinema e Vídeo, Dança e Jornalismo Cultural e entramos na fase de produção dos projetos contemplados em Arte Cibernética.

Também nos aprofundamos no projeto “Ocupação”, trazendo as “ocupações” de Chico Science, Rogério Sganzerla, e Regina Silveira – este espaço permite que vários perfis de público tomem contato com a obra destes artistas, e, ainda, que a instituição direcione sua ação educativa para o aprofundamento e a compreensão de seu papel no universo artístico e social.

O instituto apostou mais uma vez na arte pública, de modo a que cada vez mais pessoas possam ter acesso e apreciar obras de arte. Foi assim com a exposição Helio Oiticica – Museu é o Mundo que, além de ocupar os três andares do espaço expositivo do instituto, exibiu obras em pontos específicos da cidade, com os parques Ibirapuera e Mário Covas e a Casa das rosas, entre outros.

No segundo semestre, o Itaú Cultural implantou a obra Errante, 2010, do artista mexicano Hector Zamora. Mais um trabalho de arte pública, este parte do projeto Margem, consistiu na suspensão de uma série de árvores sobre o córrego do Tamanduateí, em um diálogo intenso com o público e as questões urbanísticas e ambientais que permeiam a cidade de São Paulo.

Dando um sinal de que o Itaú Cultural vem apontando na direção correta foi que o Rumos Dança aparece em votação dos melhores festivais de dança do ano na Folha Online e está em primeiro lugar entre os concorrentes com 36% dos votos. As exposições Helio Oiticica – Museu é o Mundo e Emoção Art.ficial 5.0 também estão concorrendo na categoria melhores exposições em espaços culturais, e o Projeto Dança para Crianças, realizado em parceria com Balangandança recebeu o prêmio da APCA como Melhor Iniciativa em Dança.

Catraca Livre: O público aumentou este ano?

A.F : A média do público que vai ao Itaú Cultural é de mais de 270 mil pessoas por ano. O site, por sua vez, recebe aproximadamente 9 milhões de acessos únicos.

Catraca Livre: Já existe um nome definido para a próxima Ocupação?

A.F : Sim. Desta vez será a Ocupação Haroldo de Campos, com abertura programada para fevereiro, mas ainda sem o dia definido.