Cinco mostras simultâneas no Maria Antonia
Em junho, cinco mostras simultâneas integram o ciclo de exposições do Centro Universitário Maria Antonia. A abertura acontece dia 25 de junho, às 20h, com entrada Catraca Livre.
Ocupando a sala principal do Maria Antonia, a exposição Italian Art Codex apresenta uma coleção de aproximadamente 80 livros de artistas e alguns exemplares de edições correntes, com projeto gráfico elaborado por artistas plásticos. Entre os representados estão artistas consagrados como Lucio Fontana, Luciano Fabro, Mario Merz, Michelangelo Pistoletto, Mimmo Paladino, Gilberto Zorio, Enrico Baj, Alighiero Boetti, Giovanni Anselmo, nomes da nova cena artística italiana, como Maurizio Catellan, e, ainda, expoentes da poesia visiva, como Emilio Villa.
Visto como aquele que carrega mais do que imagem e texto, o chamado livro de artista adquire o estatuto de obra de arte, explorando as potencialidades objetuais do formato livro com materiais e soluções formais as mais diversas, constituindo uma tradição que ganhou corpo com as vanguardas artísticas no século XX. A coleção pertence ao Centro per L’Arte Contemporanea Luiggi Pecci, apresentando um panorama do que vem sendo produzido na Itália, nessa área, a partir dos anos 1960.
A mostra é realizada em colaboração com o Istituto Italiano di Cultura, tendo o apoio do Ministero degli Affari Esteri (Ministério das Relações Exteriores Italiano).
Eleonore Koch
A exposição Eleonore Koch: mundo ordenado apresenta pinturas da artista realizadas no período de 1950 a 90, além de estudos, desenhos e documentos associados à sua trajetória profissional e a seu processo criativo. Com telas que retratam principalmente paisagens e cenas de interior, numa espécie de figuração reduzida, o trabalho de Eleonore Koch é um estímulo à reflexão sobre a multiplicidade de experiências contidas sob a égide do moderno na arte brasileira.
Ao longo dos anos 1950, Eleonore tornou-se discípula de Alfredo Volpi (apresentada pelo crítico e colecionador Theon Spanudis), com quem aprende a pintura em têmpera, adotando muitas vezes a técnica, a escolha dos temas, o trabalho com as cores e o tipo de composição de seu mestre. Em 1956, a artista faz sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo e nos anos 60 muda-se para Londres, entrando em contato com a Pop Art inglesa. Apesar de não ter se engajado nas polêmicas entre figuração e abstração ou entre o informal e o construtivo, a recepção de seus trabalhos sofreu influência desse debate. A mostra no Maria Antonia, com curadoria de Fernanda Pitta, oferece uma oportunidade de reavaliação crítica dessa artista, já que há muito não se tem a oportunidade de um exame mais amplo de sua produção.
Eleonore Koch é pintora e escultora. Foi aluna de Samson Flexor, Bruno Giorgi e Arpad Szenes, concluindo sua formação artística com Alfredo Volpi. Integrou as edições de 1959 a 67 da Bienal Internacional de São Paulo. Entre outras coletivas, participou das exposições Coleção Theon Spanudis, no MAC-USP (1979) e Volpi: Permanência e Matriz: Sete Artistas de São Paulo, na Montesanti Galleria (1986) e Uma Leitura da Coleção Spanudis (2004), no mesmo Centro Universitário Maria Antonia.
Rafael Carneiro
Nas pinturas mostradas no Maria Antonia, realizadas a partir de imagens captadas por circuito interno de câmeras de vigilância, Rafael Carneiro – um dos principais representantes de uma nova geração de pintores radicados em São Paulo – mantém o centro da tela quase sempre vazio, com os objetos ocupando as margens das cenas. Nessas obras não há movimento ou figuras humanas, não fica claro qual seria o uso dos ambientes representados, para que servem grande parte dos objetos ou mesmo o que são eles. Os quadros, quase sempre em tons rebaixados, mostram lugares vazios, talvez à espera da ação – como que paralisados num nível anterior a uma significação completa.
Rafael Carneiro é bacharel em artes plásticas pela ECA-USP. Expôs individualmente na Galeria Artur Fidaldo (2008) e, entre as coletivas, na Galeria Marília Razuk (2008) e no Itaú Cultural (2009).
PINO
A exposição PINO, nome de um empreendimento fictício, ocupa o primeiro andar do Maria Antonia, simulando o interior de algum setor da “empresa”. Procurando evidenciar as propriedades funcionais dos objetos e o contexto aos quais se referem, as obras relacionam-se diretamente com as características do espaço expositivo, como cor, recorte das paredes e altura das colunas. Aos moldes de uma empresa real, cada esfera de atuação dos objetos é pensada a fim de que se sustente seu aparato ficcional, como o desenvolvimento de novos produtos, sua divulgação e seu caráter marcadamente industrial.
A PINO já realizou exposições na Galeria Olido (2005), Paço das Artes (2006), Centro Cultural São Paulo (2006 e 2008) e Galeria Virgílio (2008). Em 2006, ganhou o Prêmio Aquisição do Centro Cultural São Paulo e, em 2008, o prêmio Projéteis de Arte Contemporânea Funarte-RJ.
[tab:Alice Grou]
Na exposição Foto Grafias, Alice Grou apresenta trabalhos inéditos de uma série recente, com imagens obtidas de detalhes de galhos e raízes secos e parcialmente submersos. Realizadas em preto e branco e impressas sobre papel algodão, as imagens adquirem certa ambivalência, remetendo também às características de desenhos ou aguadas de nanquim, conforme sugerido pelo título. A pesquisa de Alice Grou pode ser alinhada às tendências recentes da fotografia que valorizam temas e situações minimalistas, desde detalhes do cotidiano urbano até aspectos pouco percebidos de paisagens naturais.
Alice Grou é fotógrafa. Expôs seus trabalhos na coletiva Contemporâneas & Pós-Contemporâneas (MAC de Campinas, 2004), no Ateliê Aberto (Campinas, 2008) e, mais recentemente, no 40º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (2008), conquistando o prêmio Aquisitivo Prefeitura Municipal.