Diálogo concreto – Design e construtivismo no Brasil

Por Redação
06/02/2009 12:06

Exposição na Sé promove diálogo entre design e artes plásticas das vanguardas construtivas das décadas de 1950 e 60.

Um olhar incomum sobre a obra de grandes artistas brasileiros que participaram das vanguardas construtivas nas décadas de 1950 e 1960, apresentando seus trabalhos como designers em um diálogo direto com as obras que realizaram como artistas plásticos. Trata-se da exposição “Diálogo concreto – Design e construtivismo no Brasil”, que a CAIXA Cultural promove a partir de 24 de janeiro. A entrada é franca.

Com curadoria de Daniela Name, a exposição apresenta trabalhos de design de Abraham Palatnik, Alexandre Wollner, Almir Mavigner, Aluisio Carvão, Amilcar de Castro, Antonio Maluf, Geraldo de Barros, Lygia Clark, Mary Vieira e Willys de Castro nos quais aplicaram princípios visuais, estéticos e conceituais do construtivismo. A mostra convida o público a perceber que esta aproximação não acontece por acaso.

Participantes dos movimentos Concreto e Neoconcreto, estes criadores eram tributários da  Bauhaus e o De Stijl, que defendiam a existência de “artistas totais”, que integrassem artes plásticas, arquitetura e design.
Embalagens importantes foram feitas por Alexandre Wollner para as sardinhas Coqueiro, em 1958. O público terá a oportunidade de ver a logomarca e sua aplicação nas latas. Também poderá verificar  como o artista parte de círculos sobrepostos e cortados para dar forma ao coqueiro da logomarca.

Amilcar de Castro realizou, em 1957, a reforma gráfica do “Jornal do Brasil”. A diagramação das páginas do jornal, cheia de áreas vazias que criavam significados visuais – os chamados “vazios ativos” – revolucionou o design gráfico nacional. Na mostra, o público poderá conhecer fac-símiles de algumas páginas dos jornais após a reforma gráfica. Aluísio Carvão integra este segmento ligado a publicações, com uma intensa produção de capas de livro.

Os móveis de Geraldo de Barros e Abraham Palatnik são constituem um outro aspecto pouco conhecido da produção destes artistas. O primeiro produziu intensamente para a fábrica Unilabor, atuou também como designer de cartazes e logomarcas. Palatnik, um dos artistas mais múltiplos de sua geração, projetou não só mesas e cadeiras, mas também as ferramentas para criá-los. Suas peças para mobília são apresentadas ao lado de dois jogos e de um utensílio doméstico: o projeto para cortador de coco babaçu, que chegou a ter a patente reconhecida.

Willys de Castro é o artista-âncora do segmento dedicado a logomarcas e cartazes, que conta ainda com a participação de Mary Vieira, Almir Mavigner, Geraldo de Barros e Wollner. As logomarcas, folders e cartazes de Willys constituem-se numa aula sobre os princípios visuais do período.