Discos lançados em 1972 são revisitados pelo projeto “Rotações” no Sesc Santana
Romulo Fróes, Curumin, Bruno Moraes e outros importantes artistas contemporâneos cultuam obras lançadas há 30 anos
Um lampejo de genialidade recaiu em compositores de diversas partes do mundo no ano de 1972. No Brasil, o ano foi marcado pela entrega de Caetano e Gil, em “Transa” e “Expresso 2222” respectivamente – discos que marcavam a convergência pós Tropicália.
No rock, Erasmo Carlos tirou a aliança da Jovem Guarda de seus acordes e entrou numa imersão introspectiva que resultou no aclamado “Sonhos e Memórias”. Nos Estados Unidos, Miles Davis ordenada sua veia jazzística às influências do funk de James Brown.
Estes e outros importantes sucessos lançados neste ano são celebrados por cantores e compositores brasileiros que foram diretamente influenciados pelas obras pelo projeto “72 Rotações”, em cartaz entre os dias 1º e 4 de novembro no Sesc Santana, em shows que têm ingressos até R$ 16.
- Fins de semana de abril estão carregados com shows de peso no Sesc Santo André
- Música brasileira é celebrada em projeto no Sesc São Caetano
- Projeto de samba exalta o gênero em shows, bate-papos e culinária típica entre março e abril no SESC Santo André
- Rodrigo Régis apresenta show de lançamento do novo álbum autoral “Vamos Chamar o Sol” no Sesc Santo André
Com proposta de reler os clássicos sem tirar suas essências em definitivo, os artistas apresentam versões personalizadas dos discos. Felipe Cordeiro interpreta “Expresso 2222” (Gilberto Gil), enquanto a Assembleia Rítmica de Pinheiros interpreta “Mulatu of Ethiopia” (Mulatu Astatke). Já Romulo Fróes revisita “Transa” (Caetano Veloso), ao lado de Kiko Dinucci e Thiago França.
Confira a programação completa nas abas abaixo:
Dia 1
Dia 1º, às 21h
– Expresso 2222 e Mulatu of Ethiopia
Felipe Cordeiro interpreta “Expresso 2222”, Gilberto Gil
Pai e filho, duas gerações da guitarra paraense: Felipe Cordeiro convoca o mestre Manoel Cordeiro, lenda dos estúdios paraenses que definiu o som da lambada no Pará. Juntos, eles interpretam “Expresso 2222”, o primeiro disco que Gilberto Gil lançou no Brasil após 3 anos de exílio. No álbum, Gil mergulha nas raízes da música nordestina e atualiza essas influências em composições próprias, com seu violão na melhor forma o que propõe um saudável desafio criativo à família Cordeiro.
– Assembleia Rítmica de Pinheiros interpreta “Mulatu of Ethiopia”, Mulatu Astatke
Septeto com vocação para experimentações jazzísticas e veia roqueira, a Assembleia Rítmica de Pinheiros encarou o desafio de fazer uma releitura de “Mulatu of Ethiopia” o disco definitivo para o gênero “ethio-jazz”, que o músico Mulatu Astatke inventou ao misturar a escala pentatônica ocidental com elementos da música etíope. Com o virtuoso baterista Maurício Takara na formação, a banda vai reprocessar os temas do disco dentro de uma estética aberta aos improvisos e com a guitarra à frente dos arranjos.
Dia 2
Dia 2, às 18h
– “Sonhos e Memórias” por Bruno Morais, de Erasmo Carlos
O cantor e compositor londrinense Bruno Morais, que tem dois álbuns lançados, se juntou à banda Bixiga 70 e gravou em 2011 uma versão poderosa de “O Sorriso Dela” uma das doze faixas de “Sonhos e Memórias”. Lançado em compacto de vinil, a faixa foi elogiada pelo próprio Erasmo Carlos eé uma ótima pista para qual caminho Bruno Morais pode levar esse cultuado disco do Tremendão.
– Léo Cavalcanti interpreta “Ben”, de Jorge Ben
Com um elogiado primeiro disco lançado em 2011, “Religar”, Léo Cavalcanti tem no reconhecido suingue de seu violão o atalho para interpretar o repertório de “Ben” o disco em que Jorge Ben aperfeiçoa seu ritmo na batida das seis cordas e lança clássicos de sua carreira, como “Fio Maravilha” e “Taj Mahal”, e devaneios psicodélicos como “As Rosas Eram Todas Amarelas”.
Dia 3
Dia 3, às 21h
– Guizado interpreta “On the Corner”, de Miles Davis
A música do trompetista Guizado é impulsionada pela mistura de seus fraseados com elementos eletrônicos e uma pegada roqueira. Essa receita parece indicar um caminho possível para a desafiadora missão de reinterpretar “On The Corner” o disco em que a sua principal referência, o genial Miles Davis, radicaliza mais uma vez sua abordagem jazzística numa expansão desenfreada para o território do funk.
– Cida Moreira e Hélio Flanders interpretam “Harvest”, de Neil Young
O vocalista da banda mato-grossense Vanguart e a diva paulistana estreitam a parceria recente e unem voz, piano e violão para encarar o álbum de Neil Young. “Harvest” foi o álbum mais vendido nos Estados Unidos em 1972 e tem algumas das canções mais populares do músico canadense uma fonte de inspiração e tanto para o encontro da veia folk de Flanders e a interpretação teatral de Cida.
Dia 4
Dia 4, às 18h
– Romulo Fróes interpreta “Transa”, de Caetano Veloso
Com quatro discos lançados, Romulo Fróes é declaradamente influenciado por “Transa”. Inicialmente associado ao samba, o cantor e compositor enveredou para o rock a partir do terceiro disco, o duplo “No Chão Sem o Chão”. Nesse caminho, ele buscou nas referências brasileiras o atalho para uma linguagem própria dentro do formato guitarra-baixo-e-bateria e o clássico do exílio de Caetano Veloso é uma delas. Acompanhado de sax, bateria, baixo, guitarra e cavaquinho, Romulo subverte os arranjos originais baseados no violão.
– Curumin interpreta “Still Bill”, de Bill Withers
Após estourar nas rádios com “Ain’t no Sunshine”, canção de seu disco de estreia, Bill Withers se apresenta um compositor pleno em seu segundo álbum. Seu violão busca influências no blues e na canção folk para incorporar ainda mais camadas à música soul. Sua voz e seu instrumento recebem aqui o complemento perfeito de uma banda formada por membros da 103rd Street Band, de Charles Wright. O multi-instrumentista paulistano Curumin tem três discos no currículo em que o balanço é o caminho condutor de suas canções receita ideal para encarar a música de Bill Withers.