O Instituto Moreira Salles está promovendo a primeira exposição do fotógrafo tcheco Jindrich Streit na América Latina.

As imagens do fotógrafo Jindrich Streit nos mostram cenas captadas em vilarejos da República Tcheca, localizados, sobretudo, na região rural da Moravia, na parte oriental do país. De imediato, interiores e vestimentas modestas, paredes descascadas, muros quebrados e olhares angustiados indicam um cotidiano assolado por restrições de toda ordem. Mas as fotos não se limitam em expor as dificuldades materiais decorrentes de um regime socialista, revelam situações íntimas e muitas vezes insinuam sutilezas sobre relações pessoais, frustrações, esperanças e desejos.

Nascido em 1946, Jindrich Streit morou a maior parte de sua vida nessas regiões por ele fotografadas, vivência que provavelmente direciona seu ponto de vista nada romântico e tampouco idílico sobre o dia-a-dia nas zonas rurais da Moravia. O artista registra pessoas de seu convívio pessoal e por isso é capaz de mostrá-las em momentos de extrema intimidade. Suas imagens enfocam gestos de afeto e amizade e, não raras vezes, cenas que estão no limiar entre o real e o nonsense, como o inusitado encontro do menino e do velho, num campo vazio, com um homem que parece um astronauta (foto acima). Tais situações nos fazem buscar explicações que restituam sua possibilidade de ocorrência no cotidiano. Por outro lado, os personagens de Streit parecem ávidos por meios (um aparelho de televisão, uma embriaguez ou um simples devaneio) que promovam algum grau de descolamento de suas realidades.

A partir dos anos 1980, Jindrich Streit tornou-se conhecido no mundo todo por ter revelado o modo de vida de uma região ainda pouco vista da Europa central. É autor de mais de vinte livros de fotografia documental, além de ter exibido seus trabalhos em diversos países europeus e nos Estados Unidos, que podem ser conferidos no site: www.jindrichstreit.cz.