Jalapão, um lugar incomparável

Em parceria com Viramundo e Mundovirado
03/03/2016 19:55 / Atualizado em 07/05/2020 02:28

Percorrer o Jalapão é assim, se muda de paisagem a cada passo o que faz da viagem ser todo o percurso e não apenas o destino. Nessa extensa área, pouco maior que o Estado de Alagoas, a 300 quilômetros da capital do Tocantins, Palmas, convivem cerrado, cachoeiras, deserto, dunas, platôs rochosos, veredas, rios cristalinos, praias de água doce e fervedouros, que provocam constantes surpresas no caminho. Não há nada que se compare no Brasil, que dirá no mundo.


A imagem pode ser definida como surreal: no meio da vereda, entre as copas dos buritizais, surge uma gigantesca faixa em tom amarelo intenso, quase laranja. São as dunas do Jalapão, em Tocantins. Mas definir locais se referindo a uma imagem apenas é pouco, pois a muito o que se ver nesse deserto com sua natureza inóspita e rara presença humana.


A dificuldade de se alcançar as belezas naturais dali, reforça o ar de aventura que permeia as viagens por esse Estado. Além das dunas também se faz presente o fenômeno dos fervedouros. São assim chamados porque a água parece ferver quando as bolhas eclodem na superfície do espelho d’água. É o caso do Alecrim, quase um cenário de um livro de fábulas. Depois de caminhar por uma trilha rodeada de cajueiros e bananeiras, visitadas por tucanos e maritacas, surge uma pequena lagoa de água cor de creme de abacate. No centro, desenha-se um curioso círculo perfeito. Andar dentro da água dá a sensação de estar caminhando em um campo minado com bolhas pipocando à volta. A explicação? A efervescência vem da nascente que empurra o banhista para cima, enquanto o envolve em uma nuvem cinza fina como o talco.

Diante da enigmática paisagem do Jalapão, o viajante busca respostas. Fica então sabendo que era fundo do mar o chão onde hoje caminha. Tem todo direito de duvidar. Mas ali estão os “morros testemunhos”, assim chamados porque documentam que nos primórdios a água cobria toda região. A montanha Saca-Trapo e a Serra do Gorgulho exibem formas esculpidas pelo mar durante séculos, antes que as águas se recolhessem. São obras da água também os degraus de pedra onde as águas doces encachoeiram como a Cascata do Rio Formiga e a Cachoeira da Velha.


Ficou por conta do vento, que ainda sopra forte por aquelas bandas, aplainar, ao longo dos séculos, o topo dos chapadões. É arte dele também desmanchar lentamente as encostas da montanha, carregando a terra de grão em grão, para formar dunas douradas com até 40 metros de altura, uma das mais surpreendentes visões do Jalapão. No topo é onde se pode contemplar a grandiosidade da paisagem e o ondular da morraria recoberta de grafismos desenhados pelo forte e caprichoso vento. E ainda tem o sol que no final do dia vai pincelando as dunas de laranjas, rosados e lilases.

Vários motivos podem levar um viajante ao Jalapão. A aventura é uma delas nesse deserto sob um céu azul sem sombra de nuvens à vista. Outra linha promissora que credencia um roteiro pela região é contemplar a natureza em seu absoluto silêncio.


Quando ir

A melhor maneira para conhecer todos os atrativos do Jalapão, muitos deles quase escondidos e com pouca ou nenhuma placa de sinalização, é optar por um veículo 4×4, adequado para as estradas de terra, sempre na companhia de um guia que domine o itinerário, as distancias certas, conheça as pousadas, rústicas e simples, e os locais quase secretos onde comer um peixe fresquinho.

As estradas de terra e solo arenoso podem ter atoleiros na época das chuvas de outubro a abril. Nessa época apesar dos aguaceiros, as temperaturas são mais amenas que os normais 30ºC mínimos, mas, o ar ganha aromas novos. Leve chapéu, protetor solar, roupa leve e botas confortáveis.

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado