Livro sobre “Os Satyros” é lançado hoje

Escrito em conjunto pelo crítico Aimar Labaki e como ator Germano Pereira “Os Satyros” é uma biofotografia editada pela Imprensa Oficial, sobre a trajetória de vinte anos do grupo.

Foram ao todo 44 peças encenadas no Brasil e na Europa, a maioria delas, dirigida por Rodolfo García Vàzquez.

O livro percorre os 20 anos de trajetória do grupo a partir de imagens, nas quais foram inseridos pequenos textos de Rodolfo García Vázquez, retirados de seu blog http://olhossempreabertos.zip.net

Olhando o livro, o que impressiona é a poderosa estética de Rodolfo García, que dirigiu a maioria dos espetáculos retratados no livro. Quando olhamos uma foto de um espetáculo apresentado há 20 anos, por exemplo, temos a sensação de que o retrato foi realizado hoje.

Na página de abertura de cada peça aparecem os nomes de diretores e do elenco de estreia de cada trabalho. Ao final, uma cronologia com todas as encenações do grupo, desde a primeira “Aventuras de Arlequim”, de 1989 e toda a ficha técnica incluindo diretores, atores, técnicos, cenógrafos, fotógrafos e o local de apresentação. Germano Pereira explica que essa foi a maneira encontrada para homenagear, agradecer e reconhecer todos os que ajudaram a construir a história dos Satyros. A publicação apresenta também uma lista com todos os prêmios recebidos e trechos de críticas escritas por diversos veículos de imprensa no Brasil e exterior.

Leia trecho do livro:

Este, evidentemente, é um livro. Mas não como outros. Ao menos, eu não creio que seja como outros. Faço uma sugestão: não comece pelo fim, como tem gente que gosta de fazer. Nem pelo começo, como seria lógico. Abra o volume ao acaso, em qualquer página, e deixe-se conduzir pela foto impressa ali. Mergulhe por inteiro. Atire-se de cabeça, com emoção. Desvie então o olhar. Não foque mais a imagem registrada na folha do livro. Fixe os olhos em algo que esteja a sua frente, uma parede vazia, um pedaço de papel em branco. E, por meio de um exercício de memória, recorde a foto que acabou de ver. Estou certo de que, mesmo com o livro fechado, a imagem estará ali, em sua imagem/ação, isto é, em sua imaginação.

Regresse ao livro, outra página, outra imagem. Perceba sua forma, sua posição, o brilho da sua cor, a intensidade do ator retratado, o movimento que ele executa. Tente adivinhar o texto que ele está dizendo. Ou não. Investigue, por exemplo, o jogo de luz e sombra proposto pelo encenador. Você pode também preferir contemplar a imagem, nada mais que isso. As possibilidades de fruição do material contido nestas páginas são ilimitadas.

Esse é o jogo. O livro que você tem nas mãos foi concebido com uma partitura de emoções que narra a “biofotografia” dos 20 anos da Cia. de Teatro Os Satyros através dos registros imagéticos dos espetáculos produzidos por essa trupe teatral. Como se trata de um livro de fotos, sem textos que as expliquem, o “leitor” (transformado neste caso em “espectador”, naquele que olha) encontra aqui uma ótima oportunidade para apreciar este volume enquanto obra de arte.

Como toda obra que se coloca nessa perspectiva, o livro apresenta esses conteúdos de modo multiforme, resultado dos olhares dos inúmeros e ótimos fotógrafos que captaram as cenas aqui registradas. As fotos se traduzem em contundentes imagens, que oferecem múltiplas expressões da arte do teatro. E acabam por se transformar não apenas em registros, em documentos, mas em expressões de arte por direito próprio. Teatro é emoção, conhecimento, cultura, criação. Ele nos toca de inúmeras maneiras. Buscamos reproduzir no livro exatamente esse viés.