Macau, a Ásia com legendas em português
Por Eduardo Vessoni
Nem parece que estamos do outro lado do planeta.
Construções antigas com azulejos brancos e azuis na fachada, becos estreitos que cortam ruas do centro histórico e placas que carregam nomes em português. Macau não economiza nas imagens e experiências que fazem a gente se sentir em um povoado de Portugal ou em algum destino histórico brasileiro de passado colonial.
Antiga colônia portuguesa, o país se tornou uma Região Administrativa Especial da China, em 1999. E desde então, Macau é uma curiosa mistura de Ocidente com Oriente, onde a comida chinesa ganha concorrentes como o pastel de nata português e igrejas católicas dividem o mesmo endereço com templos budistas.
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Dizem até que Luís de Camões teria escrito poemas em Macau, durante sua estadia por lá, em 1557.
O português, assim como o chinês, é a língua oficial, mas, raramente, você conseguirá colocá-lo em prática, exceto com moradores mais antigos e em letreiros de estabelecimentos comerciais, onde lavanderia, por exemplo, é chamada de ‘local de distribuição e recolha das roupas’.
Esse país de apenas 30,4 km² é formado pela Península de Macau, Taipa, Coloane e pela zona do Aterro do COTAI e, definitivamente, é a versão menos óbvia do continente asiático.
Confira imagens das mais belas cidades iluminadas da Ásia
Conheça as atrações:
Patrimônio Mundial
Largo de Santo Agostinho, Santa Casa da Misericórdia e Ruínas de São Paulo. Eis algumas das construções, com nome oficial em português e tudo, que fazem partem do centro histórico de Macau, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, desde 2005.
Destaques para as populares Ruínas de S. Paulo, onde é possível ver a fachada da antiga Igreja da Madre de Deus, do início do século 17; e o Largo do Lilau, um dos primeiros bairros residenciais portugueses do país.
Templos
O animismo, taoismo e budismo são as crenças religiosas que dão os tons nos belos templos de Macau. E é só entrar no primeiro para querer visitar todos os outros.
Destaque para o Templo de A-Má, conjunto de pavilhões que é considerado a construção mais antiga de Macau e que homenageia a deusa taoista A-Má.
Cassinos
Base da economia macaense, as casas de azar são a principal atração turística de Macau.
Só pelos títulos já dá para ter uma ideia do que isso significa. Considerado a ‘Las Vegas da Ásia’ e ‘o principal destino de jogos de azar do Oriente’, o país vive dias de glória sob luzes de neon, imensos salões aveludados e máquinas de jogos.
Segundo dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau, o país abriga 36 cassinos, cujas apostas e faturamento já superaram os de Las Vegas.
Esportes radicais
Macau não é aquele típico destino asiático marcado por extensas áreas verdes para a prática de esportes, mas a Torre de Macau, uma construção de 338 metros de altura, pode ser a alternativa (radical) em terras chinesas.
É ali que acontecem atividades como o bungee jump a 233 metros que entrou para a lista dos mais altos do Guinness Book; o skywalk, em que se caminha pelo lado de fora da torre; e a Tower Climb, escalada em que é possível chegar até o topo do ponto mais alto de Macau, a 338 metros de altura.
Ilhas
O sul de Macau, ligado à península por pontes suspensas, abriga ilhas como Taipa, uma espécie de ilha-resort com centros de entretenimento e hotéis; e Coloane, um refúgio tranquilo com templos e até praias, como Cheoc Van e Hác-Sá.
Um dos destaques de Taipa é o inusitado The Grand Canal Shoppes, complexo de compras que abriga em seu interior a réplica de canais de Veneza, com direito a passeios em gôndolas, conduzidas por chineses que cantam, supostamente, em italiano.
Gastronomia
Esqueça aquelas imagens clichês sobre a culinária chinesa dos espetinhos exóticos e das carnes gordurosas.
Os anos de presença portuguesa em Macau deixaram marcas não só na língua e na arquitetura como também na gastronomia. É possível encontrar, sem muito esforço, pratos como bacalhau, sardinhas, caldo verde e (claro) os clássicos pastéis de nata.
Baseando-se na cozinha portuguesa, combinando as especiarias e ingredientes de África, Sudeste Asiático e Índia – como por exemplo caril, leite de coco, cravo e canela – e usando técnicas de confecção chinesas, surgiu a deliciosa comida macaense caracterizada pela fusão de aromas e sabores, e reconhecida hoje em dia como única.
Inscrita na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial de Macau, a gastronomia local combina ingredientes de Portugal, da Índia e do Sudeste Asiático, além do continente africano. Os pratos mais famosos do país são os camarões picantes à macaense e a galinha à africana.