Maya Deren, uma das precursoras do cinema independente americano, ganha mostra de filmes na Sé

A CAIXA Cultural (Praça da Sé, 111) oferecerá ao público de São Paulo uma excelente oportunidade de mergulhar nas origens do cinema independente americano com a mostra “Filmes de Maya Deren”, que será realizada de 08 a 12 de abril, de quarta a domingo. O projeto reúne os impressionantes curtas-metragens produzidos entre as décadas de 40 e 50 pela cineasta, considerada um ícone da vanguarda do cinema independente e experimental americano que influenciou toda a cultura cinematográfica do pós-guerra. A entrada é franca.

Com curadoria de Silvia Hayashi, mestre em Artes pela ECA/USP, e Laura Faerman, Bacharel em Cinema e Vídeo pela ECA/USP, a mostra apresenta seis curtas-metragens, exibidos em DVD: Meshes of The Afternoon, At Land, A Study in Choreography for Camera, Ritual in Transfigured Time, Meditation on Violence e The Very Eye Of The Night.

O trabalho de Deren, que foi também dançarina, escritora, poetiza, coreógrafa e fotógrafa praticamente desconhecida do público brasileiro, serviu de referência para o olhar de toda uma geração de cineastas, como Kenneth Anger, Jonas Mekas, Stan Brakhage e Michael Snow. Com uma produção de marcado interesse pela temática do sonho, reflexão, ritmo, visão, ritual e identidade, Deren fez filmes que conversam com campos como a dança e a psicanálise, e foi ao mesmo tempo diretora, roteirista, editora e atriz em vários deles.

Filmando com pouquíssimo orçamento, ela iniciou sua carreira pioneira ao lado de artistas tão vanguardistas como Marcel Duchamp e produziu seus trabalhos na contracorrente de Hollywood, terminando por influenciar a própria Indústria, que incorporou elementos de sua obra na produção de cineastas hoje consagrados como David Linch. Seus filmes inovam pela profundidade dos temas e pela ousadia na estruturação da narrativa, que utiliza recursos simples e extrema criatividade – como a continuidade do movimento do ator ou dançarino que leva a uma mudança de espaço físico – para criar efeitos de descontinuidade na cena, estabelecer múltiplos olhares simultâneos e desdobrar diversas camadas de sentido.

Um aspecto único em seu trabalho é que, por meio de uma seqüência de planos ora objetivos, ora subjetivos, ela explora a não-linearidade da narrativa e brinca com a noção de tempo e espaço do espectador. De maneira igualmente notável, Deren utiliza o recurso da repetição, como em seu primeiro filme, Meshes of the Afternoon (1943), que elementos de forte sentido psicanalítico – uma faca, uma chave, uma flor e uma alameda – são mostrados de forma repetida e rítmica, quebrando novamente a expectativa de linearidade e lançando o espectador numa narrativa circular que o convoca constantemente a reorganizar sua compreensão do filme.

Sua produção é relevante tanto por suas qualidades artísticas e estéticas quanto por sua importância histórica, pois se trata do trabalho de uma cineasta que marcou decisivamente a linguagem e o olhar do cinema desde o pós-guerra até os nossos dias.

As sessões acontecerão de 08 a 12 de abril, de quarta a domingo, às 15h, 17h e 19h, no Auditório do 6° andar da CAIXA Cultural (Praça da Sé, 111). A entrada é franca. São 60 lugares e os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3321-4400 ou no site www.caixa.gov.br/caixacultural.

Debate

O projeto “Filmes de Maya Deren” promoverá também um debate aberto ao público com Daniela Castro, historiadora de Arte e Estudos da Cultura Visual, e os jornalistas Marcelo Rezende e Vitor Ângelo. O encontro será realizado sábado, dia 11/04, às 17h, no Auditório do 6° andar. São 60 vagas e as inscrições devem ser feitas pelo telefone (11) 3321-4400.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA – Sessões às 15h, 17h e 19h

MESHES OF THE AFTERNOON – (1944)
PB, 14 minutos
(1943-1959, em colaboração com Alexander Hammid)
PB, 15 minutos

AT LAND
PB, 15 minutos
(1944)

A STUDY IN CHOREOGRAPHY FOR CAMERA – (1945)
PB, 4 minutos

RITUAL IN TRANSFIGURED TIME – (1945-1946)
PB, 15 minutos

MEDITATION ON VIOLENCE – (1948)
PB, 12 minutos

THE VERY EYE OF THE NIGHT – (1952-59)
PB, 15 minutos

Por Redação