No dia do motociclista, Espaço Unibanco de Cinema tem sessão dedicada a motoboys

O Espaço Unibanco apresenta nesta quinta-feira, 29, sessão e debate do documentário “Karl Max Way- A Ilegalidade é uma Ficção, de Flávia Guerra e Maurício Osaki,” em comemoração ao dia do Motociclista. Os ingressos deverão ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência com direito à pipoca e refrigerante.

Após a exibição haverá debate com a diretora e também com Laner Azevedo (jornalista da Mundo Moto e ex-motoboy na Inglaterra), Kaká Batista (motoprofissional em São Paulo), além da mediação de Pedro Furquim (palestrante, comunicador e gestor de equipes).

A produção foi premiada com uma Menção Honrosa na mostra competitiva do festival É Tudo Verdade em abril de 2010 e revela como é a vida de um “cachorro-louco” na capital inglesa.

Como nasceu Karl Max Way

Quando Flávia se preparava para iniciar as filmagens do projeto que encerrava seu mestrado em direção de documentários na Goldsmiths –  Universidade de Londres, ela foi apresentada a um brasileiro que logo iria se tornar o tema e o personagem principal do seu documentário. “Meu nome é Karl Max. Tipo o filósofo, sabe? Mas sem o R. E o outro era socialista. Eu não. Eu sou capitalista.” Assim Karl Max de Almeida Macedo se apresentou à diretora. “Imigrante, ilegal, goiano, capitalista chamado Karl Max. É um argumento de filme pronto!”, pensou Flávia Guerra.

Inicialmente, ela e o co-diretor Maurício Osaki pretendiam retratar o universo dos motoboys em Londres. Fenômeno tipicamente brasileiro, a figura do motoboy acabou tomando as ruas de Londres, cidade tão ‘apressada’ e dependente destes ‘cachorros-loucos’ quanto capitais como São Paulo. Apesar de em inglês atenderem pelo nome de courier, curiosamente os brasileiros têm uma espécie de ‘reserva de mercado’ em Londres. De cada dez couriers da capital inglesa, cerca de oito falam português.

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Poster do documentário "Karl Marx Way"

O caminho de Karl Max do Brasil a Londres

Karl Max Way não é “um panfleto sobre os direitos dos ilegais”, mas sim uma história de vida. Todas as contradições sobre o tema estão no filme. Algumas nas entrelinhas. Algumas escancaradas. Mas sempre de forma natural. Porque o assunto é natural para todo imigrante em Londres.

Só depois de um ano na Inglaterra que Max decidiu ser motoboy, profissão que por ser de fato mais exposta e perigosa, paga melhor. Mas em 4 de maio de 2009 Max caiu da moto, que se arrastou pelo asfalto e levou Max junto. “O pé dele foi literalmente queimado no asfalto e quase teve de ser amputado. Foram necessárias mais de dez cirurgias e 46 dias de internação”, explica a diretora.

O jeitinho inglês

Surpreendidos pelo acidente ainda durante a fase de filmagem, Flavia e Osaki descobriram que existe o jeitinho inglês. “Quando foi resgatado, não tinha documento nenhum. Podia ter sido denunciado ao Home Office. Mas, ninguém no hospital pediu documento nenhum. Num acordo tácito, foi tratado como um legítimo cidadão europeu.” Quando teve de fazer transfusões de sangue, brincou: Quero ver alguém me deportar agora. Ninguém mais vai poder dizer que não tenho sangue inglês”.

Por Redação