Pampa de Tara, muito além do Atacama
Para quem gosta de aventuras, assim mesmo, no plural, raras experiências podem ser tão prazerosas quanto uma viagem ao Pampa de Tara, no Chile, fronteira com a Argentina.
Nesta região de extremos é possível fazer trekking nos salares rodeados de paredões rochosos ou caminhadas sobre o lago congelado, pois o pampa está a 4300 metros de altura. Mas, Tara é muito mais, é um itinerário para montanhistas-geólogos conhecerem a formação dos Andes, ou até mesmo um roteiro para astrônomos, pois a noite o céu azul índigo do altiplano fica pra lá de estrelado. Não por menos o pampa é pontilhado de gigantescos observatórios astronômicos e radiotelescópios para perscrutar o universo.
O caminho em si para chegar até lá encanta. Cada curva da estrada, e muitas vezes fora dela, que nos conduz ao Pampa de Tara, mostra paisagens únicas, que alternam cenários desérticos e áridos, a pradarias de cores puras. E, mais, montanhas altíssimas com cumes nevados sombreiam lagunas matizadas de verdes e azuis.
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Durante esse trajeto passamos por inúmeros vulcões que perfilam o horizonte, dentre eles, o imprevisível Licancabur, e o gigante Lascar, que é muito dado às chamas e a constantes shows pirotécnicos. Mesmo os mais simpáticos cerros como o Toco, ou Zapareli, podem a qualquer momento eclodir, assim como aconteceu com o Chaitén, no sul do país. O que parecia uma plácida montanha de um dia para outro virou um lança-chamas e fez desaparecer três povoados sob suas cinzas.
A visão inicial do Pampa de Tara foi fascinante. Vislumbramos uma paisagem monumental com lagunas de aguas calientes em tom azul-esverdeado que contrasta com o límpido céu turquesa e as “Catedrais de Pedra” – montanhas esculpidas pelo vento. Os vestígios de grandes abalos sísmicos ainda são visíveis nessa imensa planície arenosa, de beleza tranquila, onde rochas esparsas se elevam como menires. Tais rochas são conhecidas como os moais ou guardiões de Tara.
Neste cenário se apresentam os bofedales, a tundra andina, que dá vida ao altiplano, onde pastam alpacas, lhamas e vicunhas e de lambuja, o pato juarjual, e as três espécies de flamingos – andino, chileno e james.
Viajar à procura dos espaços menos habitados da Terra nos leva a um mundo sem fronteiras entre o real e o fantasioso.
Dica de Viagem
Não existe época ideal para visitar o pampa. Ele é, de fato, uma coisa e outra nas duas estações do ano em que se transfigura: a do inverno –junho a setembro– e do verão, dezembro a fevereiro.
Como chegar: O Pampa de Tara se localiza a 144 km da cidade de São Pedro de Atacama, no Chile, pela Ruta 27, em direção a Argentina.
Onde ficar e quem leva: Hotel Tierra Atacama, www.tierraatacama.com Excelentes acomodações com guias experientes