Peruanos levam à Pinacoteca do Estado arte político-social
Produção de artistas contemporâneos traz dura crítica às instituições culturais do país
No Peru, são tradicionais as barracas de comida nas ruas, conhecidas como “comida al paso” (comida ao passo). A “arte al paso”, por sua vez, reflete a precariedade das instituições culturais e a falta de políticas públicas que tratem do assunto. Inspirada na “arte povera” (arte pobre) italiana, caracterizada pelo uso de elementos não-convencionais nas obras, artistas peruanos contemporâneos desenvolveram um estilo marcado pelo protesto político-social, valendo-se de ferramentas que permitam grande alcance de público, como a serigrafia e a fotografia.
Reunidas na Coleção de Arte Contemporânea do Museu de Arte Contemporânea de Lima – MALI, esta produção, realizada de 1960 a 2011, chega pela primeira vez ao Brasil na exposição “Arte al paso”, que fica em cartaz na Pinacoteca de 28 de maio a 31 de julho, com entrada a R$6 (estudantes pagam meia-entrada). São 100 obras, entre esculturas, vídeos, fotografias, pinturas e instalação, de 36 artistas.
A violência urbana, o êxodo rural e a falta de instituições culturais são temas marcantes na mostra. Para Tatiana Cuevas, curadora de arte contemporânea do MALI, “a exposição busca romper o conceito indivualista que permeia as artes plásticas. Não queremos que o individuo apenas veja a obra, queremos que ele pense, reflita”.
- SP Best Week oferece descontos em hotéis, bares e passeios
- Estudo revela vínculo entre autismo e ácidos graxos no cordão umbilical
- MIT: 30 cursos gratuitos que você pode fazer sem sair de casa
- Câncer de intestino: conheça os sintomas iniciais e saiba como a prevenção pode te salvar
Um dos coletivos presentes na exposição, o E.P.S. Huayco (formado em 1980 por Francisco Mariotti, Luy Maria, Rosario Noriega, Herbert Rodríguez, Juan Javier Salazar, Williams Armando e Zevallos Mariela), foi pioneiro na “arte al paso” peruana, sendo reconhecido como um dos mais representativos agentes culturais peruanos da segunda metade do século 21.
“Os artistas utilizam a serigrafia e a fotografia que permitem uma alcance maior pela maneira que ela é reproduzida”, garante a curadara de “Arte al paso”. Isto faz com que esta “arte política” peruana cumpra o papel de romper as fronteiras de galerias e museus e atinja um número maior de espectadores. E o que é mais importante, conscientizando a população a respeito de temas cruciais para o desenvolvimento social daquele país.