Peruanos levam à Pinacoteca do Estado arte político-social

Produção de artistas contemporâneos traz dura crítica às instituições culturais do país

27/05/2011 19:21 / Atualizado em 30/05/2011 14:29

No Peru, são tradicionais as barracas de comida nas ruas, conhecidas como “comida al paso” (comida ao passo). A “arte al paso”, por sua vez, reflete a precariedade das instituições culturais e a falta de políticas públicas que tratem do assunto. Inspirada na “arte povera” (arte pobre) italiana, caracterizada pelo uso de elementos não-convencionais nas obras, artistas peruanos contemporâneos desenvolveram um estilo marcado pelo protesto político-social, valendo-se de ferramentas que permitam grande alcance de público, como a serigrafia e a fotografia.

Reunidas na Coleção de Arte Contemporânea do Museu de Arte Contemporânea de Lima – MALI, esta produção, realizada de 1960 a 2011, chega pela primeira vez ao Brasil na exposição “Arte al paso”, que fica em cartaz na Pinacoteca de 28 de maio a 31 de julho, com entrada a R$6 (estudantes pagam meia-entrada). São 100 obras, entre esculturas, vídeos, fotografias, pinturas e instalação, de 36 artistas.

A violência urbana, o êxodo rural e a falta de instituições culturais são temas marcantes na mostra. Para Tatiana Cuevas, curadora de arte contemporânea do MALI, “a exposição busca romper o conceito indivualista que permeia as artes plásticas. Não queremos que o individuo apenas veja a obra, queremos que ele pense, reflita”.

Um dos coletivos presentes na exposição, o E.P.S. Huayco (formado em 1980 por Francisco Mariotti, Luy Maria, Rosario Noriega, Herbert Rodríguez, Juan Javier Salazar, Williams Armando e Zevallos Mariela), foi pioneiro na “arte al paso” peruana, sendo reconhecido como um dos mais representativos agentes culturais peruanos da segunda metade do século 21.

“Os artistas utilizam a serigrafia e a fotografia que permitem uma alcance maior pela maneira que ela é reproduzida”, garante a curadara de “Arte al paso”. Isto faz com que esta “arte política” peruana cumpra o papel de romper as fronteiras de galerias e museus e atinja um número maior de espectadores. E o que é mais importante, conscientizando a população a respeito de temas cruciais para o desenvolvimento social daquele país.