Profissão MC na Galeria Olido
Lançamento oficial do primeiro filme de Alessandro Buzo e Toni após a exibição do filme haverá debate com os diretores e com o rapper MC Criolo Doido, protagonista da Trama.
O filme Profissão MC, traz a história de um mano da periferia que, vivendo as dificuldades da falta de emprego e da gravidez não planejada, opta pelo caminho do crime e acaba preso. Mas, nesse momento, o filme volta à metade, quando o personagem é convidado a entrar para a vida bandida. Na nova versão da história ele é levado por um amigo a um estúdio de música e sua carreira deslancha. Ele acaba tornando-se um rapper de referência nacional.
A produção, que se destaca por não ter nenhum apoio financeiro, reuniu artistas de varias áreas. O diretor, Toni Nogueira, dono da produtora DGT, já filmou muita coisa interessante pelo mundo e até escola de samba em Nova Iorque ele já teve.
Sua paixão por fotografia nasceu aos 15 anos, viajando para a Patagônia, quando ganhou uma câmera do pai. Nos anos 70 foi, como autoexilado, para Europa, onde conheceu Guará Rodrigues, grande figura do cinema Udigrudi com quem fez vários filmes como fotógrafo de cena. Neste período, fazia dois longas por semana nos quais Neville D’Almeida filmava uma história pela manhã e o Julio Bressane outra pela tarde. “Esta escola foi a minha grande colaboração para o Profissão MC”, relembra Toni.
Mas não pense que Toni teve dificuldades para filmar no Itaim Paulista. “Como diz o Sérgio Vaz, eu tenho Imunidade Periférica Vitalícia e no Itaim Paulista, especialmente, que frequento há mais de cinco anos, me senti totalmente à vontade”, conta o diretor.
O filme foi feito de forma independente e literalmente sem dinheiro, mostrando que é possível fazer filme e produzir cultura sem altas verbas. “O propósito não foi esse, se bem que o resultado mostra esta possibilidade e aponta para um futuro possível na produção cultural. Eu sou totalmente a favor de fazer arte com pouca verba, sem desperdício, usando a criatividade como forma de expressão. Aprendi no convívio com os artistas e poetas periféricos que a arte vem da necessidade, e não de verbas astronômicas”, diz o diretor.
Toni, com grande experiência, fala das peculiaridades do filme. “Uma jornalista virou agitadora social, um fotógrafo de jornal virou policial e um drogado no farol virou um drogado do filme. Essa magia, para mim, foi a grande revelação do filme”, orgulha-se Toni.
Ele confessa que sua área é mais a documental. “Arrancar estórias do fundo da terra é o que me move. Ontem, vi um curta genial dentro do projeto Crônicas Paulistanas da Secretaria Municipal de Cultura, o SAMPARCOUR, que é um curta de cinco minutos de um cara voando pela cidade. Magnífico. Som, fotografia, edição e trilha impecáveis. Cada vez gosto mais de filmes curtos”, revela o diretor sobre o que viu de novo na produção cultural.
Outro ingrediente do filme foi o roteiro e codireção do escritor Alessandro Buzo. “O áudio visual é o futuro. Imagem com som é tudo. Trabalho na TV e é o que vou fazer no futuro: livros, TV e filmes”, comenta.
Para protagonizar a obra, foi escolhido o rapper Criolo Doido, conhecido pelo seu carisma e pela sua festa Rinha dos MCs. “Meu personagem é um jovem de talento, morador de um extremo da cidade. O personagem descreve o sonho, a luta, a correria e as armadilhas que muitos de nossos jovens travam todos os dias. Heróis anônimos que são engolidos pela
metrópole”, fala Criolo, que já viveu muitas das situações representadas no filme. “Já usei roupa de doação, comida do fundo social da solidariedade. Já me chamaram para ser o lobo entre os cordeiros, essa é a minha história, é um grito de todos nós”, continua o rapper.
Criolo pretende lançar seu próximo disco ainda esse ano e está com DVD no forno. Recentemente, participou do filme Bandido da luz vermelha e do documentário Versificando. Sobre essa nova cena literária, relata: “Vejo hoje nos sarais de poesias, nas quebradas, o mesmo empenho do hip hop que conheci há 20 anos atrás. Parabéns a todos os poetas”, finaliza Criolo, frequentador da Cooperifa.